Por aqui não está dando certo...

O formato American Idol faz sucesso em todo o mundo, só por aqui não emplaca. As duas versões no SBT foram uma decepção total, provavelmente porque a emissora de Sílvio Santos insiste na fórmula do ultrapassado Show de Calouros, destacando mais o jurado que o calouro.
Agora repete o fiasco, sem o carimbo do formato americano e sem nome, caindo para o humor chulo, trazendo para o palco quem nunca deveria ter saído do chuveiro.
Quem sabe o programa encontre um rumo na TV Record, mas não tenho grandes esperanças.
Paul Pots já é velho conhecido de quem costuma acompanhar os modernos programas de calouros, mesmo assim não consigo deixar de me emocionar com sua primeira apresentação na Inglaterra. Um modesto vendedor de celulares, com uma aparência quase grotesca entra no palco desacreditado, abre o peito e solta Nessum Dorma, numa voz celestial. Não dá pra segurar a lágrima.
Veja e emocione-se:

Você conhece Thomas Godoj??

Dica da blogueira Sam, direto dos alpes. O cara é um dos finalistas da versão alemã do programa Ídolos e tem um vozeirão de arrepiar. Canta lindamente Behind Blue Eyes, num inglês que me parece perfeito, sem sotaque.
Vejam, garanto que vale a pena.


Secos e Molhados. Que coragem!


Quem tem até 30 anos não tem muita noção do que foi viver sob o regime da ditadura no Brasil, a não ser pelos relatos dos sobreviventes ou pelos livros de história.
A minha geração, já quarentona, demorou pra respirar liberdade, nasceu sob o AI-5 e, fora um amigo ou outro que tinha o pai misteriosamente desaparecido, não dava pra ter uma noção real do que estava acontecendo. A falta de liberdade, a censura, o receio das Veraneios escuras com chapa fria, parecia tudo normal. Víamos vez ou outra cartazes de procurados ou ouvíamos termos como "preso político", estranhávamos, mas tocávamos a vida dentro da nossa normalidade.
O diretor da minha escola pública era um cara pra realmente ser temido. Exercia dupla função no estado: diretor de escola e delegado de polícia! Hoje, consciente do que foi aquilo, tenho arrepios de imaginar o que era capaz de fazer.
Pra mim era fácil ouvir os gritos no auto-falante, ordenando silêncio e civismo. Jamais pensei em me rebelar, não sabia o que era isso, queria mesmo é passar despercebido e levar boas notas pra casa, pra não chatear a minha mãe.
Dou graças a Deus por nunca ter precisado de um apoio pedagógico do sujeito.
Nesse clima todo em que a regra jamais poderia ser quebrada, achei estranho e engraçado quando vi um grupo de homens cantando com voz fina e cara pintada no programa do Silvio Santos, que na época deveria ter 100% de audência aos domingos.
Não tinha noção da coragem desses caras, ainda mais quando cantavam "Rosa de Hiroshima".



Parei com o café


Me ausentei demais do blog, me desculpem. Tava limpando meu organismo de um vício terrível, café.

No começo foi uma delícia, a garrafinha disponível na sala de trabalho, sempre quentinho e fresquinho, trocado duas vezes ao dia.

Tomava um copinho ou outro, mas logo as doses foram aumentando, nem queria mais copinho, ia no de água mesmo, quase cheio. Várias vezes.

Com orgulho, devolvia a garrafa vazia para a cozinheira, como um bom menino que toma toda a vitamina da mamãe.

Tava ligadão. Dormir pra quê? Bastavam algumas horinhas de sono, o negócio era aproveitar todo o tempo disponível.

Mas aí o sono não vinha mais, nem pra algumas horinhas. Então, nada que uma inocente pílula de passiflorine não resolvesse. Apagava, sem sonhos.

O estômago tava reagindo, uma dorzinha de vez em quando, mas nada muito assustador.

Certo dia, resolvi virar o jogo e a garrafa. Joguei o resto na pia, mais como um ato simbólico, já que não sobrara muita coisa. Devolvi a garrafa para a querida cozinheira, mas declarei: "- Por favor, não me dê mais café! Isso tá acabando comigo!!". Com seu sorriso bonachão e provavelmente aliviada do encargo de me preparar duas garrafas ao dia, concordou em ajudar a me livrar dessa dependência.

Resultado, estou a duas semanas com soninho de criança, às 22h mal consigo manter os olhos abertos.

Bom por um lado, mas acabou que o blog entrou em estado de abandono. Tá até criando teia.

Vou recuperar o espaço, descafeinado.

Velocidade sem limites - Corra!!


Reúna carros maravilhosos como Ferraris, Porshes, Lamborghinis, Ford GT 40, Saleen e Koenigsegg. Faça-os competir em rachas milionários por circuitos fechados e abertos (desviando alucinadamente do trânsito), com direito a alguns acidentes fatais para os carros.

Recheie tudo com loiras e morenas siliconadas. Escolha a mais bonita para protagonista, não precisa ter muito talento, só lindos olhos azuis na pele morena. Coloque um galazinho pra fazer um par romântico com a beldade, melhor ainda se o cara lembrar o Leonardo DiCaprio.

Roteiro, bem, não é tão importante, o negócio é mostrar os carrões, então desengavete qualquer histórinha chinfrim misturando vingança e amorzinho barato.

Está pronto "Velocidade sem limites (RedLine)", autêntico "B movie". Legal para uma sessão da tarde, pra namorar e comer pipoca no escurinho.

Para os fãs de carro, altamente recomendado, uma excelente oportunidade de ver carrões em ação. Só a cena final do racha entre uma Ferrari Enzo e uma Koenigsegg CCX já vale o ingresso.

Se está querendo um filme de verdade, fuja!




Trilha sonora pra tomar caipirinha


Acabo de ouvir Coisa de Jorge, o feliz encontro dos Jorges Aragão, Ben Jor, Mautner e Vercilo na praia de Copacabana. Gosto de todos e a mistura ficou imperdível. Além do som de primeira, uma linda medalha de São Jorge acompanha o encarte e já está no peito.

O mais legal foi como ganhei o CD, uma surpresa de uma sala de Educação Infantil, num coro de Parabéns de 30 crianças lindas, com abraços deliciosos. Emocionante.

Um dia pra ser guardado com muito carinho: muitos abraços e festa surpresa (que me surpreendeu de verdade) das minhas amigas de trabalho (sou um felizardo!!).

Obrigado!!

Ia falar do quanto o CD é legal e acabei falando do meu dia especial, fazer o quê, deve ser efeito da caipirinha. Valeu, Dri!

Depois tenho uns chocolates me esperando...

40 anos




Estou vivendo meus últimos momentos dos "INTA". Amanhã entro nos "ENTA" e não saio mais. Faço 40 anos. Uma virada, um dia para comemorar e refletir.


Agora tô em contagem regressiva, meio Cinderelo, depois das doze badaladas vou virar abóbora.


Para muitos, um garoto, para outros tantos, um senhor. Não me sinto uma coisa ou outra.


Poderia ter feito mais nessas quatro décadas, mas poderei fazer mais nas próximas que Deus poderá me dar. Talvez com mais cuidado, mais zêlo. Mas não impedido.


Não gostaria de voltar atrás. Sou feliz pelo que sou e pelo que conquistei. Pela linda família que formei.


Que venham pelo menos mais 40 e quem sabe mais alguns, adoro uma hora extra, para curtir com saúde.


Sou feliz.

Tchau Renata!


Hoje Renata Fronzi nos disse adeus. Tava com saudade dela e agora sinto ainda mais. Está reencontrando a Nair e o Ronald.
Foi uma linda vedete, mas ficou na minha memória como a irmã do Bronco de voz rouca e gostoso acento portenho.
Vou sentir sua falta.




No Vale das Sombras


Gosto de filmes, mas não sou cinéfilo, quer dizer, não daquele tipo que sabe na ponta da língua qual o diretor do filme ganhador do Oscar em mil novecentos e bolinha. Só faço questão de ver um bom filme, evitando roubadas soníferas ou roteiros recheados de explosões e efeitos especiais.

Ultimamente não tenho gastado meu tempo para acompanhar as críticas, nem quis saber quais eram os filmes concorrentes do último Oscar. Me dei conta que acompanhar tanta informação antes de ver um filme acaba contaminando o olhar, melhor assistir de peito aberto, pelo direito de ter a minha opinião.

Por esse motivo ainda não usei esse blog pra emitir opiniões cinematográficas. O que não quero pra mim, não faço para os outros.

Mas gosto de indicações, afinal, é chato ficar em pé diante da prateleira da locadora, perdido diante de tantos títulos e capas sedutoras.

Se recebo uma indicação suspeita, ignoro. Se confio no bom gosto da fonte, aceito e ganho um tempo na escolha.

É com esse espírito que indico "No Vale das Sombras" (In the Valley of Elah), com nomes de peso, como Tommy Lee Jones, Charlize Theron e Susan Sarandon.

Não é um filme de guerra, não é um filme de paz. É um retrato da ferida americana, perdendo seus jovens numa guerra estúpida, como toda guerra, e criando uma geração de sobreviventes profundamente perturbados. O retrato é cruel e corajoso, mostra que existe entre os americanos uma massa crítica que consegue enxergar o próprio umbigo.

Ernesto Varela e Custe o que custar


http://www.band.com.br/cqc/

Na última segunda-feira à noite, zapeando atrás de alguma coisa na TV, encontrei o Custe o Que Custar, CQC, ótimo programa comandado por Marcelo Tas na Band. Pra quem não conhece o cara, Marcelo Tas foi a Xuxa de muita gente, na época do Castelo o Prof. Tibúrcio invadia a tela com o famoso bordão "Porque sim não é resposta".

Minha referência do Marcelo é mais antiga. No começo dos anos 80 conheci o Ernesto Varela, repórter maluco que conseguia assaltar seus entrevistados com perguntas inesperadas, tirando deles respostas igualmente surpreendentes e sorrisos amarelos. Era hilário ver figuras acostumadas à proteção da censura serem colocadas em cheque por um repórter desenfreado, alguns mal podiam conter a truculência nas suas respostas.

Ernesto Varela foi a personificação da abertura política que vivíamos. Depois vieram outros, seguindo seu rastro.

Marcelo Tas faz renascer o espírito de Ernesto Varela com o Custe o Que Custar. Dessa vez acompanhado de discípulos que seguem bem a lição do mestre. Na última segunda-feira, me deliciei ao ver um secretário da prefeitura paulistana sendo surpreendido por um bando de crianças carentes sem transporte escolar, quando acabara de garantir o contrário. Como todo bom programa de humor, também tem muito besteirol, muito bem-vindo, para dar uma desestressada na semana que se inicia.

CQC é um imperdível momento de excelência na TV, recheada de televendas e bobagens sem fim, acreditem, exibido logo após o "Show da Fé".

Não deixem de ver o vídeo abaixo, com a melhor forma de Ernesto Varela.



Os macacos




É bom tomar uma ducha fria de vez em quando.

Pai, o que é câncer?


Hoje meu filho de apenas 7 anos me surpreendeu com essa pergunta. Assim, na lata, sem motivo aparente.


Respondi no mesmo tom, sem enrolações. Disse que se trata de uma doença que a cura é possível, mas difícil. Quanto mais cedo for descoberta, mais fácil o tratamento. Ressaltei que em alguns casos as chances de sobrevivência são remotas, mas que em muitas outras situações a pessoa consegue se recuperar, apesar de passar por um doloroso tratamento. Enfim, o conhecimento básico de uma pessoa comum.


Especulei se a professora ou se alguém da escola havia comentado sobre o assunto, afinal, ninguém tira uma dúvida dessas do nada. Não. Respondeu que ninguém havia comentado sobre o assunto.


Depois de uma longa pausa silenciosa, ele volta à tona, com a mesma naturalidade:


- Pai, quando formos ao WalMart vamos depositar umas moedas no cofrinho para ajudar as crianças com câncer?


Sorri, concordando, feliz por ter a oportunidade de ver crescer um lindo ser humano.