Jogos de PS3 - made in Brazil

Todos já sabiam que a Synergex passaria a produzir jogos de Playstation na zona franca de Manaus e que já estavam disponíveis nas lojas. Mas apesar de SJC estar praticamente colada a São Paulo, as novidades demoram um pouco pra chegar por aqui.

As mesmas lojas de games que costumo frequentar continuam com os preços de lançamentos importados de PS3 na faixa de R$200 a R$230, com alguns títulos mais batidos custando na faixa de R$150, alguns europeus. Levando em conta que um lançamento nos EUA não custa mais que 60 dólares, paga-se aqui o dobro por um mesmo produto.

Mas parando na vitrine de uma loja de PCs me surpreendi ao ver Tomb Raider: Underworld, Fear 2 e Lego Batman para PS3 a R$115, com um detalhe, capa e manual totalmente traduzidos para o português. De cara pensei que podia ser algum engano do vendedor ou alguma pegadinha, procurando letras miúdas que indicassem ser 2X de 115. Mas não, era esse preço mesmo.

Então, apesar dos títulos disponíveis não serem exatamente uma novidade, fiquei muito contente por ver que finalmente estão levando a sério o público consumidor de games no Brasil.

Claro que muitos vão dizer que ainda preferem a importação direta, mas esse esquema é para poucos. Entre optar pela importação direta e poder pegar vários títulos na loja, sem canseira e despesas com frete, parcelando no cartão em quantas vezes for possível, sou mais a 2ª opção.

Ah, tem sempre a turma que prefere a pirataria. Eu, sinceramente, sempre fiquei no maior impasse entre desembolsar uma fortuna com um original e encher meu saco com um pirata.

Quando tinha o X360, cada vez que trazia um jack pra casa, botava no leitor e dava pau antes de carregar a primeira tela, xingava muito, pior se travasse no meio de uma fase. O sujeito da loja trocava, mas e o tempo e o transporte de voltar até lá? A chateação e o risco de destruir meu aparelho? Cansei de dar dinheiro para esse cara, um criminoso que só tem lucro e nada devolve para a sociedade.

Agora, com suporte oficial e um preço relativamente justo, finalmente sinto-me respeitado. Sinceramente espero que a indústria de videogames consiga efetivamente chegar ao Brasil, apesar dos altos impostos e da cegueira do governo, vencendo a pirataria.

Envelhecer

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Estou nesse momento ouvindo o novo CD de Arnaldo Antunes, Iê Iê Ie.

Falar da genialidade do cara é desnecessário, legal é curtir e deixar suas palavras entrarem pelos ouvidos e não saírem mais. Adorei todas as faixas, mas coloquei Envelhecer para repetir até decorar a letra. Vale muito!

Para ouvir, clique na capa do álbum acima e dê play no link do Rádio UOL, não encontrei outro jeito mais fácil, ninguém colocou no YouTube.

A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer.

A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer.

Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer.

Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer.

Não quero morrer pois quero ver como será que deve ser envelhecer.

Eu quero é viver pra ver qual é e dizer bem a tu (?) o que vai acontecer.

Eu quero que o tapete voe no meio da sala de estar.

Eu quero que a panela de pressão pressione e que a pia comece a pingar.

Eu quero que a sirene soe e me faça levantar do sofá.

Eu quero por Rita Pavone no ringtone do meu celular.

Eu quero estar no meio de um ciclone pra poder aproveitar e quando eu esquecer meu próprio nome que me chamem de velho gagá.

Aa Aa Uu Uu Uu

Ser eternamente adolescente nada é mais demodê

Com os ralos fios de cabelo sobre a testa que não para de crescer

Não sei porque essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender.

Felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr

Não quero morrer pois quero ver como será que deve ser envelhecer…

A queda do capo

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Acaba de sair a notícia da queda de Flavio Briatore, após o escândalo da manipulação de resultados detonado pelos Piquet.

A princípio, uma empresa como a Renault nunca mancharia a reputação da sua marca com tramóias e armações, colocando em risco os valores que construiu durante décadas. Se está no esporte é para alavancar as vendas dos seus carros e para isso, precisa de resultados positivos, dentro e fora das pistas. Após tamanho escândalo, a demissão dos líderes da armação era a atitude mínima que poderia tomar. O prejuízo sofrido é tão grande que antes, sob a desculpa da crise financeira internacional e a falta de resultados, poderia sair da categoria sem grandes consequências para sua imagem, hoje, precisa garantir sua continuidade e investir ainda mais para que os futuros resultados positivos lavem até os últimos respingos da lama que Briatore deixou.

Apesar de nada justificar o que os comandados da Renault fizeram, incluindo Nelsinho Piquet, tão culpado quanto o arrogante italiano, penso que o brasileiro só ultrapassou o limite da ética por reconhecer sua incompetência diante da imensa pressão por um bom desempenho. Tentava convencer-se que não recebia o mesmo equipamento, mas no fundo sentia que não podia corresponder ao que se esperava de um piloto de fórmula 1. Envolver-se em tamanha maracutaia mostra o quanto estava abalado naquele momento.

Porém o abalo emocional não o livra da culpa. Alguns o defendem dizendo que precisou de coragem para fazer a denúncia e escancarar seu erro. Mas fazer isso somente depois de sua demissão não abona sua falta, ao contrário, só expõe ainda mais sua falta de inocência, sua fraqueza moral.

O principal mau caráter da história foi o Briatore. Contratou o piloto enquanto chefe da equipe e, ao mesmo tempo, era seu manager, funções que para mim são incompatíveis. Como um rolo compressor esmagou psicologicamente seu comandado e destruiu sua carreira para sempre, pôs em risco a vida do piloto a de todos os outros participantes (lembram o que uma mola fez com Felipe Massa? Imaginem o risco de todos os pedaços da Renault espalhados pela pista), só para conseguir um resultado positivo e aliviar a pressão sobre si mesmo. Quando descoberto, apelou para a mais baixa e ridícula defesa, acusando a homossexualidade do seu oponente, o que não interessa a ninguém.

Não deve ter sido a única atrocidade cometida na sua busca por resultados, um criminoso aprende sua arte aos poucos e aumenta suas apostas à medida do sucesso dos seus crimes. Muita coisa deve ter ficado para trás. Espero que seja a última.

Duro é saber que sua cela será um iate acompanhado de uma bela mulher e de uma taça de champanhe.

Peixinhos

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Frases prontas, ditados populares, muitos conservam a sabedoria coletiva, outros são grandes idiotices.

Um dos que sempre ouvi foi “Filho de peixe, peixinho é”. Esse, sem dúvida, se encaixa na segunda categoria, afinal é de um determinismo cruel. Muito triste uma criança sentir-se obrigada a seguir os passos do pai e, pior, ser comparada a ele.

A muito tempo vi uma entrevista com Emerson Fittipaldi na TV Bandeirantes, no auge do sucesso que o piloto experimentava na Fórmula Indy. Visivelmente constrangido, o campeão respondeu sobre seu filho mais velho, quase lamentando o fato do rapaz se desinteressar pelas pistas e ter optado por outra profissão, acho que designer, ou qualquer outra coisa que na época me pareceu boiolice, afinal, não podia aceitar o fato de um cara rejeitar uma carreira automobilística, sonho que ainda vivia, mas que só pude fingir alguma satisfação nos videogames. Hoje, penso que esse Fittipaldi Kid teve uma sábia decisão, deixando o peso do sobrenome para o primo Christian embaçar.

Apesar da crueldade da inevitável comparação, muitos filhos de famosos insistem em seguir seus papais. Se o sucesso fosse transmitido geneticamente, com alguma melhoria, seria ótimo, mas a realidade é bem diferente. Poucos são os exemplos de superação, agora, de cabeça, só consigo me lembrar da Débora Bloch. Fernanda Torres chega perto, mas não supera a mamãe.

No último domingo, durante a transmissão do GP da Bélgica, Reginaldo Leme solta a bombática notícia sobre a investigação do incidente do Piquet pimpolho em Cingapura. Se confirmadas as suspeitas, Nelson Angelo fez uma cagada gigantesca, participando de uma fraude que manchará para sempre sua trajetória no esporte. O velho Piquet jamais aceitaria isso, provavelmente mandaria o chefe enfiar o carro no rabo. Mostraria no asfalto, como mostrou, ser melhor que qualquer piloto que estivesse ao seu lado. Se o que dizem é verdade, deve ter sofrido com tanta decepção.

Hoje, ao abrir o UOL vejo Sean Lennon imitando a famosa pose dos pais. Talvez a melhor contribuição que o filho de  Lennon deu para a música foi a inspiração para a belíssima canção “Beautiful Boy (Darling Boy)”, involuntária. Agora, com a pose, teve pelo menos o bom senso de trocar de posição, expondo a namorada. Ainda bem.