Mais uma querida: Remington 33

Remington 33
O encontro com a Remington 33 aconteceu em uma sexta-feira, após levar minha mãe a mais uma consulta médica. Um instinto qualquer me movia até a loja das Casas André Luiz, apesar do calor intenso, das 17 horas, com o horário de verão.
A alta temperatura talvez fosse a responsável pela apatia dos funcionários, que não pareciam dispostos quando cheguei ao estabelecimento e encontrei a maleta de plástico, com uma cor cinza encardida. Aberta, revelou a máquina azul, com um estilo típico dos anos 70.
O carrinho que movimenta a folha de papel estava travado, um sistema de segurança próprio de um modelo portátil, que pode provocar acidentes com o movimento brusco da peça.
O problema é que não sabia como destravá-lo, já que nada havia onde esse acionamento funciona nas minhas conhecidas Remington 25 ou Olivetti Studio 45.
O cuidado do dono anterior já se mostrava no manual e no termo de garantia, guardados no envelope plástico colado na parte interna da maleta. Mas, quando abri a tampa superior e encontrei o pincel original para a limpeza dos tipos, atrelado a uma borracha dura para apagar os erros, entendi que era mesmo um achado. No compartimento, uma pequena alavanca. Acionada, liberou o carro.

Testei, então, todas as teclas que se movimentaram com vigor, retornando imediatamente ao local de origem, sem travamentos, como se estivesse nova. A fita, montada de forma invertida, com a parte vermelha para cima, ainda estava com bastante tinta e não necessitava substituição.
Enquanto testava, um garoto aproximou-se, com uma curiosidade típica de garotos, e perguntou o que era aquilo. Dei minha resposta pronta, afirmando que se tratava de uma máquina de escrever, uma espécie de computador mecânico, que imprime letras automaticamente.
Desconfiado, o menino não parecia entender como aquela engenhoca barulhenta poderia ser uma espécie de notebook, já que não conseguia ver sentido em alguma coisa que funcionasse sem uma tela de LCD e uma tomada.
Animado com o ótimo funcionamento, resolvi ignorar as novas curiosidades infantis, ciumento de algum dedinho descuidado, e fechei a caixa, colocando-a embaixo do braço para procurar alguém capaz de estabelecer uma negociação.
Cheguei ao balcão, encontrei uma mulher, acompanhada de um rapaz que parecia mais ansioso pelo horário de saída. Perguntei, então, sobre o menor valor do equipamento, já que sabia haver um espaço de negociação, abaixo dos R$65,00 marcados na etiqueta.
Detalhe com a alavanca de trava do carro
A funcionária me respondeu que a Remington não estava funcionando, por isso, aceitaria R$50,00. Empolgado, confirmei a compra, mas não resisti e disse que estava enganada.
Diante da surpresa e dos esclarecimentos, emendei que só um cara da minha geração, que aprendeu a datilografar ainda criança, poderia saber do dispositivo de segurança.
Saí em direção ao caixa, para efetivar a compra, e percebi que o jovem abriu a máquina, tentando identificar o enigma da trava. Em vão, claro.
Quando saí, com minha nova relíquia em mãos, o jovem se despediu com um sorriso, reconhecendo minha vitória.
- Valeu, Luciano!

No teste, deixei meu nome no papel.

Viva o conforto na direção

dualogicPopular em todos os lugares do planeta, o câmbio automático no Brasil ficou restrito por muito tempo aos automóveis luxuosos e sofreu uma espécie de preconceito, como um equipamento necessário apenas para motoristas inexperientes ou com dificuldades de movimento.

No entanto, com o estresse e o esforço repetitivo para conduzir os veículos no trânsito cada vez mais lento, o equipamento passou a ser um sonho de consumo de quem se arrasta pelas cidades, junto com o ar condicionado, direção hidráulica e outros itens de conforto.

Nos últimos anos, as montadoras passaram a oferecer o câmbio automatizado, como uma alternativa ao automático, que mantém a principal estrutura mecânica dos câmbios manuais, mas que usa sensores e dispositivos robotizados para a troca das marchas.

A Fiat oferece o equipamento para o Palio e, em breve, os compradores do novo Uno poderão optar pela novidade, em uma clara demonstração de que a troca automática está cada vez mais popular.

Experiência

Com quase três décadas de habilitação e direção em câmbio manual, não posso dizer que sentia uma real necessidade de mudar para um sistema automatizado e, como a maioria, tinha uma série de desconfianças sobre o equipamento.

Por outro lado, como todos que enfrentam a lentidão das ruas, já saí mancando do carro por incontáveis vezes, com fortes dores nos músculos das pernas.

Então, com a oportunidade de comprar um carro novo, considerei a oferta de um Palio equipado com câmbio Dualogic Plus. Antes, quis fazer um test drive que me deixou bastante satisfeito, mas claro que só com uso diário foi possível formar uma opinião mais consistente.

Aprender de novo

Manter o pé esquerdo parado no descanso dá, no início, uma estranha sensação de insegurança, como se fosse impossível dirigir sem o pedal de embreagem.

Aos poucos, a confiança volta, principalmente quando passo a perceber que o robozinho coloca as marchas exatamente no momento em que eu colocaria, me deixando livre para pensar em outras coisas.

Mas para chegar a esse ponto, tive alguns conflitos com a inteligência artificial, quer dizer, levei algumas broncas dela. A primeira, quando tentei ligar o carro com o câmbio engatado, um apito e uma mensagem impediu a besteira e me obrigou a dar a partida com a posição no neutro (N). A bronca seguinte foi quando quis conduzir no manual e, ainda confuso com as posições, engatei uma segunda quando deveria colocar uma quarta, quer dizer, tentei engatar, porque o sistema me corrigiu a tempo. E algumas outras vieram.

Com os sinais de alerta, não demorou para o equipamento me ensinar a fazer a coisa certa, aliás, agora penso que já fiz a mesma coisa com meu cachorro, um método bastante eficiente. Então, não é difícil experimentar, sem medo de errar.

Plus

O soluço nas trocas, uma queixa comum nos primeiros modelos, diminuiu bastante com a versão mais moderna, Dualogic Plus, tornando a mudança quase imperceptível, ainda mais quando aumenta a sensibilidade do pé no acelerador.

Outra vantagem é o “avanço lento” que coloca o carro em movimento apenas tirando o pé do freio, facilitando bastante a vida de quem está entalado no trânsito ou em pequenas manobras. O sistema funciona também para a marcha à ré.

Subidas

Quando encaramos uma subida com um câmbio mecânico sentimos, muitas vezes, a necessidade de uma marcha intermediária, já que a menor deixa a rotação muito alta e a maior derruba o fôlego do motor. Da mesma forma, o automático sente a dificuldade e tende a reduzir, elevando a rotação, que deve ser controlada com a redução da aceleração.

O segredo para evitar a dificuldade, aprendido quando ainda andava de bicicleta, é pegar embalo antes de a subida começar, iniciando a escalada com o motor cheio, para que não perca rendimento no meio do caminho.

O sistema automatizado tem uma certa dificuldade de entender essa manobra e tende a avançar as marchas, para reduzir drasticamente quando o motor perder rendimento, causando um certo desconforto.

Mas diferente do câmbio automático comum, o automatizado permite a mudança para a função manual, então, basta assumir o comando para evitar essa confusão do robozinho que, nesses momentos, se mostra menos inteligente.

Claro que essas manhas são aprendidas aos poucos, em trajetos repetidos diariamente. Mas o modo automático dá conta do recado de forma tranquila, na maioria das situações.

Recomendação

O meu primeiro carro, um velho fusca, parecia ser ótimo, até experimentar um modelo melhor e perceber que não sentiria falta do que passou. As coisas foram mudando e o que antes era considerado um item de luxo, hoje parece imprescindível. Não sei como conseguia dirigir um carro sem direção hidráulica.

Talvez, a mudança para o novo câmbio ainda é radical para a maioria, satisfeita com a eficiência e confiabilidade do sistema tradicional, mas os avanços tecnológicos já mostram que a opção automatizada é uma realidade, que está disponível por um bom preço, então, por que resistir?