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Remington 33 |
O encontro com a Remington 33 aconteceu em uma sexta-feira,
após levar minha mãe a mais uma consulta médica. Um instinto qualquer me movia
até a loja das Casas André Luiz, apesar do calor intenso, das 17 horas, com o horário
de verão.

O carrinho que movimenta a folha de papel estava travado, um
sistema de segurança próprio de um modelo portátil, que pode provocar acidentes
com o movimento brusco da peça.
O problema é que não sabia como destravá-lo, já que nada
havia onde esse acionamento funciona nas minhas conhecidas Remington 25 ou Olivetti
Studio 45.
O cuidado do dono anterior já se mostrava no manual e no
termo de garantia, guardados no envelope plástico colado na parte interna da maleta.
Mas, quando abri a tampa superior e encontrei o pincel original para a limpeza
dos tipos, atrelado a uma borracha dura para apagar os erros, entendi que era
mesmo um achado. No compartimento, uma pequena alavanca. Acionada, liberou o
carro.
Testei, então, todas as teclas que se movimentaram com
vigor, retornando imediatamente ao local de origem, sem travamentos, como se
estivesse nova. A fita, montada de forma invertida, com a parte vermelha para
cima, ainda estava com bastante tinta e não necessitava substituição.
Enquanto testava, um garoto aproximou-se, com uma curiosidade
típica de garotos, e perguntou o que era aquilo. Dei minha resposta pronta,
afirmando que se tratava de uma máquina de escrever, uma espécie de computador
mecânico, que imprime letras automaticamente.
Desconfiado, o menino não parecia entender como aquela
engenhoca barulhenta poderia ser uma espécie de notebook, já que não conseguia
ver sentido em alguma coisa que funcionasse sem uma tela de LCD e uma tomada.
Animado com o ótimo funcionamento, resolvi ignorar as novas curiosidades
infantis, ciumento de algum dedinho descuidado, e fechei a caixa, colocando-a
embaixo do braço para procurar alguém capaz de estabelecer uma negociação.
Cheguei ao balcão, encontrei uma mulher, acompanhada de um
rapaz que parecia mais ansioso pelo horário de saída. Perguntei, então, sobre o
menor valor do equipamento, já que sabia haver um espaço de negociação, abaixo
dos R$65,00 marcados na etiqueta.
Detalhe com a alavanca de trava do carro |
Diante da surpresa e dos esclarecimentos, emendei que só um
cara da minha geração, que aprendeu a datilografar ainda criança, poderia saber
do dispositivo de segurança.
Saí em direção ao caixa, para efetivar a compra, e percebi
que o jovem abriu a máquina, tentando identificar o enigma da trava. Em vão, claro.
Quando saí, com minha nova relíquia em mãos, o jovem se
despediu com um sorriso, reconhecendo minha vitória.
- Valeu, Luciano!
No teste, deixei meu nome no papel.