Imagine um mundo que não existam as coisas que você já se acostumou a usar no dia a dia.
Nada de computador ou qualquer dos seus derivados como tablets, notebooks e chromebooks. Internet? Nem pensar.
Esqueça também dos smarthphones. Aliás, de qualquer tipo de telefone móvel. Se precisar de um telefone, só mesmo fora de casa, colocando fichas de metal em um orelhão, que não existe em número suficiente para atender a todos, daí, nada de papos longos porque logo alguém se aproxima, formando uma fila.
Nesse mundo, a TV é uma péssima opção de entretenimento, com um curto período de transmissão. O rádio é melhor. Bom mesmo é o cinema e o circo.
Os carros são para poucos, por isso os ônibus estão sempre lotados, fazendo dos passeios uma aventura bem cansativa.
Sem muito para fazer, as pessoas ocupam mais as praças, conversam com os vizinhos, jogam bola, fazem picnics, leem e tocam violão embaixo das árvores.
Nos escritórios, as mesas são ocupadas por enormes máquinas de escrever e calculadoras barulhentas.
Foi nesse contexto que a Olivetti resolveu criar, em 1968, a Valentine, uma máquina de escrever portátil voltada para o público jovem, com um estilo atraente e leveza, para que pudesse acompanhar a moçada em todos os lugares.
Sinceramente, não acredito que alguém quisesse carregar uma máquina de escrever para um picnic, com o vento espalhando as folhas de papel e as formigas passeando por dentro das engrenagens. Penso que era mais divertido usar esse tempo para namorar.
De qualquer forma, a Valentine conquistou não só o público, mas também os apreciadores de design, tanto que ela foi parar no MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.
Então, tornou-se um ícone, desejada por todos aqueles que ainda gostam de máquina de escrever.
De tão rara, cansei de procura-la e preferi aguardar pela sorte, esperando encontra-la em um canto qualquer de uma loja de antiguidades, sem que o vendedor soubesse seu verdadeiro valor.
Por isso, foi com a maior surpresa que ao abrir meu presente de natal descobri na caixa vermelha uma linda Valentine.
Meu querido irmão mostrou-se um verdadeiro caçador de relíquias.
Mais que uma máquina rara, agora a Valentine faz parte da minha vida.