Ontem, depois de um longo dia de trabalho, desanimado depois do feriadão, corri para buscar meu filho de oito anos na escola, tarefa que faço todos os dias com o maior prazer.
Chego e encaro a cara grave da professora, me chamando para conversar reservadamente. No caminho vejo meu filho com a cara escondida na parede, bradando um "Agora estou ferrado!".
A conversa não é nova: "O menino é muito inteligente, mas simplesmente não quer fazer nada. Ao invés de copiar da lousa, fica brincando com o que tem à mão. Quando chamo sua atenção, responde que fazer cópia é um saco! Estou impedindo que ele participe de outras atividades, como a aula de informática e as brincadeiras do recreio, para que perceba a gravidade da sua atitude".
Seu rendimento escolar é superior à média da classe. Em casa está sempre lendo, atento, curioso quando encontra uma palavra nova. Expressa-se bem. Tem deduções surpreendentes para um garoto da sua idade.
Concordo com ele, fazer cópia da lousa o tempo inteiro é um saco! Qualquer um concorda e sabe que esse estilo de educação é ultrapassado na vida moderna, vai contra o ideal da educação, que deveria estimular no aluno a vontade de descobrir. O professor ideal é aquele que sabe estimular e orientar o aluno na sua jornada pelo conhecimento.
Mas, a realidade é outra e a escola continua com sua tradição retrógrada. Qual o meu papel nessa situação? Ficar do lado da instituição, cobrar para que ele corresponda, afinal a vida é assim mesmo e nem sempre podemos fazer coisas legais e interessantes o tempo inteiro, devemos também encarar as coisas entendiantes.
Reconheço que peguei pesado na bronca. Cheguei a bradar que caso não se importasse em estudar e quisesse se dedicar às brincadeiras, era melhor então acostumar-se ao cheiro da merda, pois era isso que o futuro lhe reservaria. Desliguei videogame e bloqueei canais infantis. Me chateei. Ele chorou.
Hoje, como tinha certeza que faria, foi o aluno exemplar que a professora queria. Copiou tudo da lousa, ficou quieto, cumpriu com todo o roteiro que era esperado. No final da aula, cobrou: "Professora, hoje eu fui bem?". A resposta não poderia ser negativa.
Quando o encontrei no final do dia, sua empolgação transparecia: "Pai, hoje eu mandei muito bem!".
Claro, filho, nunca duvidei disso. Respondi sem tanta animação, pois nunca quis realmente que entrasse na fôrma e perdesse seu senso crítico.
No caminho, solta a pérola:
"Sabe pai, ontem você pegou pesado, foi grosso comigo, mas eu te perdôo, tá?"
Emendou:
"Você pode ser grosso de vez em quando, mas nunca vou deixar de ser seu amigo!"
Ufa! Não perdi a mosca azul.
5 comentários:
hehehehehehe...
Esse Enzo é demais mesmo!!!
Ele tem uma resposta inteligente para tudo!!! e ai quebra suas pernas.
Mas pai e mãe são assim mesmo... não liga não afinal de contas vcs querem o bem e as vezes é necessario pegar pesado...
Mas o Peter Pan vai deixar tudo mais suave e tranquilo...
Um grande abraço para vcs e saiba que ficamos orgulhosos de ter amigos assim como vcs!!!!
Um abraço
Adriana e Silva
Esse garoto hein!
É incrível como ele tem o senso da situação, como ele sabe o que acontece.
Ele é muito esperto.
Sidinei
Pois é quando estava grávida tomei as vitaminas direitinho, conforme recomendação média. Agora não adianta reclamar, o cara é esperto e ponto!!!
Ass.: a mãe do Enzo
Na mensagem anterior, onde lê-se recomendação média, leia-se recomendação médica.
Ass.: a mãe do Enzo
É... Luciano e Sonia...
não tem jeito...
vcs fizeram um otimo trabalho com o Enzo.
Ele é o resultado de uma educação de qualidade e que se chateia com a educação escolar que muitas vezes é CHATA mesmo... mas isso é uma pena porque há poucos Lucianos e Sonias por aí e dessa forma só a educação escolar pode acabar com a vontade de estudar de um garoto inteligente...
Bjs e bom domingo
Zenilda
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