- La Pizza boa noite!
- Oi Eliana, tudo bem?
- Tudo bem!! Como vc. Vai?!
- Ótimo, tudo tranqüilo!
- O que você vai querer hoje?
- Ah, pra variar, me manda uma pizza de muçarela.
- Tá bom, vai precisar de troco?
- Não, hoje o dinheiro ta contadinho.
- Então daqui a pouco ta chegando.
- Obrigadão, tchau!!
Por onze anos falei com a Eliana, pelo menos uma vez por semana, pedindo uma pizza. Essa fidelidade criou uma certa amizade, daquela que dá pra adivinhar se a pessoa está bem ou não pelo tom da voz, mas nosso papo sempre se resumia a isso, um pedido bem atendido. Estava sempre disponível, de domingo a domingo, sempre quando dava aquela fome de pizza e nenhuma vontade de ir para o fogão. Me acostumei com sua voz, com seu lindo acento nordestino, com sua simpatia. Gostava de ser atendido por ela, sabia meus gostos, cheguei a desistir de um pedido quando por um resfriado ela não pode trabalhar.
Hoje uma voz estranha atendeu o telefone:
- Boa noite, tudo bem? A Eliana está de férias?
- Bem (pausa), ela saiu de férias... (pausa).
- Ah, então ela fugiu do frio para ver os pais no Piauí?
- Sim (pausa)
- Tudo bem?
- A Eliana morreu. Viajou para o Piauí, mas não chegou. O carro quebrou, pararam no acostamento e uma carreta atropelou a todos. Nenhum sobrevivente.
A pizza ganhou um sabor amargo e triste. Tchau Eliana! Obrigado por tudo.
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