Pink Panther - Enzo playing keyboard

Oh, so close!

O automobilismo nesse final de semana foi emocionante, uma boa briga com a dupla da Red Bull e outra com a dupla da McLaren na F1 e, em Indianapolis, depois de horas de gira-gira, alternando entre bandeiras verde e amarela, esse acidente dá o tom do espetáculo e do perigo que é correr nessa pista.

Turquia, a exposição da crise na RBR

A corrida seria mais uma das  chatas da temporada, sem ultrapassagens, sem muita emoção. A surpresa era a McLaren andar tão perto da Red Bull, mas depois da metade da corrida, estava claro que não haveria troca de posições, até que Vettel resolve ir pra cima de Webber.

A ultrapassagem era certa e, quando estava mais de meio carro à frente do companheiro, resolve jogar para a direita para fazer a tomada para a curva. Se fosse um cara mais cauteloso, Webber seguraria o carro e deixaria o jovem piloto alemão o ultrapassar, mas como já mostrou em outras oportunidades, o australiano não tem medo e não se importa com uma batida, então, manteve a trajetória e os dois carros ganharam asas e  voaram para fora da pista. Vettel saiu no prejuízo, Webber perdeu o bico, voltou e garantiu a 3ª colocação.

Algumas voltas depois, nova disputa com a dupla da McLaren, Button mais rápido ultrapassou Hamilton, mas o jovem piloto inglês deu o troco, deixou o carro escorregar para cima do companheiro que, se tivesse a mesma cabeça do australiano, também dificultaria, mas Button é um lorde inglês, soube manter a cabeça fria e aceitar a ultrapassagem, terminou atrás, na 2ª posição, marcando importantes pontos, para mim, o favorito para o campeonato.

Massa largou e terminou na mesma posição, sempre atrás de Kubica, fez o que pode com uma Ferrari visivelmente fraca, tanto que Alonso também sofreu, mas depois de ter largado atrás, fez uma boa corrida, terminando em 8º, com uma boa disputa com Petrov.

Schumacher chegou na frente do ótimo companheiro de equipe, mostrando uma evolução no retorno à categoria. É craque.

Barrichello fez um ótima corrida, ultrapassou, brigou, mas ficou longe da zona de pontuação, sua Williams sofre com um motor fraco.

Senna largou bem e fazia uma bela corrida até quebrar, rotina naHispania. Di Grassi, ótimo piloto, brigou com Senna, mas ambos foram coadjuvantes, arrastando-se com seus péssimos equipamentos.

Apostava que nessa corrida a Ferrari evoluísse e chegasse perto da Red Bull, papel que acabou ficando com a McLaren. Parece que a equipe de Maranello ficará mais uma vez no papel de coadjuvante, incapaz de desenvolver o carro nessa nova F1, sem testes e de baixos custos.

A Red Bull é a melhor equipe, mas se não priorizar um dos pilotos, corre o risco de perder o campeonato.

A McLaren mostrou evolução, tem ótimos pilotos e pode virar o jogo. Torço por Button na briga interna da equipe.

TV Digital no net

A TV digital chegou em São José dos Campos através da Vanguarda TV, emissora regional com programação da Rede Globo.

Provavelmente será a única por muitos anos. O investimento das outras emissoras para implantar o sinal digital em outras praças, como a nossa região, só se justifica quando o retorno financeiro é garantido. Aliás, no Vale do Paraíba só existe a presença efetiva da TV Vanguarda e da Band Vale, outros canais são retransmitidos, mas sem programação regional.

Estava ansioso pela chegada do sinal digital, pela oportunidade de receber o sinal full HD na minha casa, poder assistir ao futebol, aos filmes, aos grandes eventos com uma qualidade perfeita de imagem, mas mais do que isso, estava ansioso para poder assistir TV em qualquer lugar, no carro, numa sala de espera, na mesa do escritório, sem brigar com a antena contra os ruídos e fantasmas. Finalmente consegui, comprei um receptor USB MobTV MT-100 da TecToy, claro que escolhi a marca pela tradição dos videogames da Sega, mas também por causa do software que acompanha o aparelho, totalmente em português. Provavelmente há melhores, mas estou bastante satisfeito com meu novo brinquedo.

Recomendo a todos que forem viciados em TV, basta instalar o software, plugar o aparelhinho com o tamanho de um pendrive na saída USB e assistir a programação com perfeição de imagem. O sinal é de baixa resolução, fica muito bom numa pequena janela, caso seja expandido para toda a tela, os defeitos aparecem. Sei que existe aparelho parecido com recepção full HD, mas para acompanhar o Globo Esporte no horário de almoço, ficar atento aos lances dos grandes jogos da Copa, enfim, qualquer evento importante que esteja acontecendo na TV, disponível na tela do netbook, está ótimo!!!

Meus carros: F100 1958

P1020803

Foram tantas histórias com o Fusca laranja que se resolvesse registrar nesse blog todas elas, acabaria virando um livro, quem sabe um dia vira alguma coisa, por enquanto vou guardá-las e me adiantar na série, senão corro o risco de entendiar meus queridos seguidores. Assim, tomo a liberdade de dar um pequeno salto no tempo e dar-lhes uma triste notícia, o Fusca Laranja foi vendido, por uma segunda vez (disse que tem muita história) e, dessa vez, não foi devolvido, apesar do adiantado estado de embriaguez do comprador.

Apaixonado por carros, adquiri o costume de visitar a feira no estacionamento do Anhembi, em São Paulo. Acordava cedo todos os domingos, pegava o ônibus até o Tietê e seguia a pé até o lugar, aproveitando para ver os carros que ficavam de fora do Parque, ocupando as avenidas, estacionados desde a madrugada, aguardando compradores. Não tinha muito dinheiro, mas gostava de poder ver tantos carros à venda reunidos num mesmo espaço, poder apreciar as raridades e rir silenciosamente das esculturas de massa plástica que mal podiam manter-se em pé, tentando iludir com um brilho falso e um pretinho nos pneus carecas. O passeio era coroado com uma deliciosa fogazza em uma simpática barraca de uma família napolitana.

Num passeio desses, dentro do estacionamento, encontrei aquela que me seduziu a primeira vista, uma linda pickup Ford F100, 1958, toda linda, com a lataria inteiramente restaurada num vermelho cereja, com enorme escapamento que se erguia verticalmente um pouco atrás da cabine, cromado como todas as outras peças que adornavam aquela maravilha. O vendedor, mais orgulhoso por sua preciosidade e animado em matar minha curiosidade, abriu o capô, quer dizer, a frente inteira da belezura, pois havia integrado capô e paralamas, abrindo-os para a frente e expondo o belíssimo motor V8, amarelo, com todas as peças brilhantes. Os pneus gigantes, montados sobre rodas largas harmonizavam todo o conjunto.

O preço era inatingível, uma obra de arte para poucos, mas saí do encontro bastante inspirado.

Na semana seguinte, vasculhei a cidade a procura de uma caminhonete daquele ano, velha, afundada na poeira, com a esperança de poder recuperá-la e transformá-la naquela maravilha, armado apenas com a minha boa vontade e nenhuma grana no bolso.

Para um garoto como eu, nada era impossível, acho que todos os garotos de 20 anos sentem-se indestrutíveis e poderosos, talvez uma síndrome de Super-Homem que ainda não foi devidamente estudada, que nos tira o juízo e nos faz idiotas, vitoriosos, tolos e, principalmente, destemidos.

Encontrei várias, muitas sem salvação, outras bonitas, bem conservadas, mas caras. Nenhuma tão suficientemente boa para o meu nível de exigência e barata para o meu bolso. Não podia desistir da idéia, quando pensava em fraquejar do meu objetivo, a imagem daquela gigante vermelha me vinha à mente, com seu enorme motor roncando naqueles escapamentos brilhantes.

Trabalhava na borracharia e sempre fui muito falante, acho que os clientes entravam e saiam enquanto eu continuava contando a mesma história, falando sobre meu desejo, minha procura. Um dia um deles me animou, disse que conhecia um cara que tinha uma caminhonete dessas encostada no fundo do quintal. Insisti e descobri que esse sujeito era um cara conhecido, freguês da oficina, genro de um importante político da região.

Fui atrás, encontrei a casa do sujeito, uma bela residência com gramado e piscina. A F100 abandonada no fundo do quintal estava em tristes condições: pneus vazios, coberta por folhas, com carburador desmontado, sem bateria e sem tanque de combustível. O sujeito me recebeu, mostrei toda minha animação, contei os meus desejos e o convenci a limpar o seu quintal, dando-lhe a certeza de que estava entregando aquele carro de família para alguém que o trataria muito bem.

Soube que a caminhonete era um presente que ele tinha recebido do pai, última unidade de uma frota de uma antiga empresa da família, que havia sido guardada por ter o mesmo ano do seu nascimento. Havia passado por uma reforma, o motor era completamente zero, a pintura era recente, mas um descuido havia causado uma batida na porta do motorista que podia ser facilmente recuperada com um pouco de carinho. O problema era que sua mulher odiava o ornamento no quintal. Todos sabem como são convincentes as mulheres, principalmente quando querem mudar a decoração.

Negociamos um preço e chegamos facilmente a um acordo. Paguei o que podia para limpar o espaço e me comprometi a saldar o restante quando ele me entregasse os documentos atualizados.

A primeira providência para ressucitá-la foi comprar uma bateria nova, enorme, caríssima. Depois, bastou recuperar o carburador, reinstalar o filtro e adaptar um vasilhame plástico de combustível dentro da cabine, alimentando o motor com uma mangueira transparente. O motor acordou com poucas tentativas. O câmbio na coluna de direção, com 3 marchas, era um mistério, mas logo peguei o jeito, pisei na embreagem, consegui engatar a primeira e saí devagarzinho. Me animei, engatei a 2ª e vi o lindo velocímetro subir o ponteiro. Pisei no freio e levei um susto, só umas duas rodas frearam e a bicha balançou feio, me obrigando a segurar o coração, antes que saísse pela boca. Diminuí e, com a responsabilidade de garotos de 20 anos que se acham indestrutíveis, cheguei em casa, distante a mais de 15 quilômetros, enfrentando um trânsito intenso, sem documentos, dirigindo um veículo completamente estranho, com vários problemas mecânicos e um câmbio complicado.

Meu pai quase me matou quando viu aquilo entrando no quintal. Minha mãe surtou. Minhas irmãs me chamaram de maluco. Eu sorria de orelha a orelha, pulando de felicidade.

Agora faltava pouco, trabalhar para conseguir o dinheiro para pagar o saldo restante, comprar as peças para deixá-la em mínimas condições de rodar com alguma segurança pelas ruas e, depois, sonhar com pneus e rodas gigantes, pintura e funilaria nova, hummm, faltava tanto e tão pouco ao mesmo tempo!

O dia-a-dia era transitado com minha valente bicicleta e, quando saía para lugares mais distantes, ônibus. Assim, aos poucos fui encarando a realidade. Meu carro era inútil, mal saía do quintal e minha grana era curta demais. Não demorou para sentir saudades do meu Laranjão.

Aos poucos, fui dando razão aos apelos do meu pai, cheguei a acreditar que havia feito um dos piores negócios do mundo. Então, derrotado, tentei trocar minha preciosidade por um Opala 4 portas, completamente podre, mas que andava. O sujeito, vendo o meu desespero, aceitou o negócio com a condição que ainda lhe pagasse uma boa diferença de volta, dividida em dolorosas parcelas. Aceitei o negócio, fechado numa mesa de bar regada com a cerveja que podíamos pagar. No dia seguinte, levei a F100 para o abate, disposto a fazer a troca. Mas o sujeito mudou de idéia, graças à Deus!!!

Na hora, desanimado com o mico que tinha nas mãos, resolvi rodar por alguns desmanches procurando um tanque de gasolina que pudesse ser adaptado, diminuindo o risco de ver a gasolina explodir no meu colo enquanto dirigia. Estacionei na porta da loja, entrei e procurei a peça que me faltava. Quando voltei para a F100, um sujeito observava atentamente cada detalhe da lataria.

Antes que pudesse reagir, me perguntou se aquela caminhonete era do sujeito que me vendeu. Confirmei e disse que era minha, havia comprado a pouco tempo. Então perguntou se queria vendê-la. Respondi que sim e, como reza a lei da oferta e procura diante de uma pergunta dessas, disse que venderia por um valor que a essa altura me foge da memória, mas que seria suficiente para comprar uns quatro Opalas iguais ao que eu tinha tentado trocar naquela manhã. Para a minha surpresa, o sujeito era o dono do desmanche, me levou até o escritório e preencheu o cheque, sem barganhar. Pediu que um funcionário me acompanhasse até o banco e garantisse o meu saque, a bordo de uma caríssima F1000 cabine dupla, à diesel. Claro que sua intenção não era desmanchá-la, garantiu que a deixaria nova, acredito que até hoje faz parte de alguma coleção.

Cheguei à borracharia com um saco cheio de dinheiro. Meu pai mal podia acreditar, só conseguia me chamar de rabudo por ter conseguido arrancar tanto por um “lixo” como aquele.

Foi mesmo muita sorte, mas o fato é que estava vendendo caro o meu sonho. Sabia que nunca poderia realizá-lo, mesmo assim, até hoje, penso em como teria sido bom. Quando vejo uma F100 dessas, num filme ou num desfile de carros antigos, lembro da minha, uma velha senhora resgatada por um garoto sonhador.

De tanto que já falei dela, ganhei da minha esposa uma linda miniatura de presente, nesse último aniversário. Todos os dias a vejo e relembro aquele primeiro ronco e aquela freada torta que quase me matou.

Quero revelar meu filme!!

filme

Hoje tive uma experiência estranha, acordei cedo para a rotina normal dos sábados e antes de sair de casa peguei meu rolo de filme para revelar no laboratório do bairro.

Cheguei cedo e dei com a cara na porta, feriado. Tudo bem, Dia do Trabalho, todos tem direito a um merecido descanso, mesmo os comerciantes a uma semana do dia das mães, cada um sabe como anda o seu negócio.

Prefiro filmes Fuji e procuro revelá-los no mesmo lugar porque o laboratório mantém uma espécie de exclusividade com a marca, garantindo para mim uma qualidade que me agrada.

Mas diante das portas fechadas, virei para o vizinho com uma imensa marca amarela na porta, com um gigante logotipo Kodak. Entrei no lugar e coloquei o rolo de filme no balcão, pedindo para revelar. A moça olha para mim e para o rolo, para mim e para o rolo, isso mesmo, duas vezes o mesmo movimento, então responde que não trabalham mais com esse tipo de filme, mas que se eu não tivesse pressa poderia deixar para retirar em alguns dias.

Ué, como vocês não revelam mais filmes? Tudo bem! Não tem problema, procuro outra loja. Sigo para um hipermercado próximo, cheguei a revelar meus filmes algumas vezes por lá, mas desisti por causa da má qualidade do atendimento. Depois de enfrentar uma fila desorganizada, coloco o filme no balcão. Flashback? Não, o sujeito olha para mim e para o rolo, para mim e para o rolo e responde que não fazem mais esse serviço, mas diante do meu olhar de reprovação, completa com uma mentira descarada, Nossa máquina está quebrada.

A mesma coisa se repetiu em outras duas lojas de shopping. Não tinham nem mais filmes para a venda. Desisti, prefirindo esperar a reabertura do meu laboratório de confiança na próxima segunda-feira.

Não estou alheio ao que acontece no mundo, fui um dos entusiastas da fotografia digital, desde o começo, ainda guardo minha primeira câmera, com resolução VGA e sem tela de LCD para conferir o resultado, tenho bons equipamentos digitais e os uso com regularidade. Sei que a qualidade atual dos sensores é fantástica e que as impressoras conseguem resultados bem satisfatórios. Satisfatórios, mas não excelentes.

A reprodução das cores e a qualidade das imagens ainda é melhor no metodo analógico, sem contar que gosto de manter aquela sensação de surpresa ao ver as imagens reveladas, conferir ainda no balcão como ficaram aquelas tiradas a um certo tempo, reviver pela primeira vez as cenas da nossa vida nos pedaços de papel e não na tela do computador.

Apesar de saber a muito tempo da queda do uso do sistema químico de fotografia, ainda não tinha sentido na pele essa ausência. Entendo os motivos dos comerciantes, se não há consumo, porque gastar com equipamentos e produtos químicos? Provável que só tenham lucro com grande quantidade. Poucos não valem a pena. É bem possível que o velho japonês não continuará a revelar meus filmes por muito tempo, insistirei, adoro o formato, por isso não duvido que em breve estarei pagando mais caro, mandando meus filmes para serem revelados pelo correio, até que um dia não existam mais.

Contava que a fotografia coexistiria por um bom tempo nos dois sistemas, pelo jeito, o jogo virou.

Não sinto saudades dos discos de vinil, achava um saco ter que trocar a agulha do toca-discos, odiava as fitas cassete, só as mantinha para ouvir no carro, mas detestava limpar cabeçotes com cotonetes. As fitas VHS foram embora tarde, DVD é muito melhor e não vejo a hora de todo mundo ter um tocador Blueray para encontrá-los mais facilmente nas locadoras. Mas os filmes, a espera da revelação com aquele friozinho na barriga, a qualidade das imagens e das cores, registradas para sempre, vão deixar saudades. Uma perda lamentável.