Alonso é piloto, cumpre o que promete

Quando o espanhol disse que era um dos fortes candidatos ao título a situação da Ferrari estava bem abaixo das performances apresentadas pela Red Bull e pela McLaren, então muita gente rolou de rir, inclusive eu.

Apesar de uma evidente melhora, a equipe italiana não está com um equipamento imbatível, aliás, ao contrário disso, corre com a necessidade de economizar motores para não perder posições e as pistas são todas desfavoráveis ao desempenho do seu carro.

Mas eles têm o talento de Alonso que está muito empenhado em fazer história. Num golpe de sorte típico dos campeões, foi ajudado por mais um erro de Vettel e conseguiu largar numa improvável pole position de um circuito de rua, o que equivale a pelo menos 50% de chances de ganhar a corrida. Os outros 50% foram conquistados na largada, dificultando ao máximo para o alemãozinho e garantindo a superioridade após a primeira curva. Depois disso foi preciso manter-se a frente e não vacilar nas últimas voltas, quando o Tiãozinho resolveu esboçar algum ataque.

Vettel era tão favorito que um 2º lugar como o de hoje nunca teve tanto sabor de derrota. Perdeu feio e mais uma vez mostrou que se for campeão esse ano será um injusto resultado.

Webber parece não ter o mesmo equipamento que seu companheiro nas últimas corridas, pois não consegue mais brigar pela ponta. Mesmo assim, está fazendo tudo para diminuir o tamanho do prejuízo. Na base da estratégia e da sorte, chegou em 3º e ainda tirou Hamilton do campeonato, sem ter culpa, claro, simplesmente porque estava na pista e foi tocado pelo jovem inglês. Continua líder a 11 pontos do 2º colocado, uma diferença pequena que poderia ser mais confortável se quem estivesse atrás fosse outro piloto. Como seu rival ao título chama-se Alonso, sua vantagem é muito frágil.

Hamilton é um talento nas pistas. Mas as notícias da sua vida pessoal dão a impressão que não está 100% focado, por isso está longe do caneco. Hoje fez outra bobagem, parecida com a que o tirou de Monza, muita gente vai passar a mão na cabeça do garoto, mas no fundo ele sabe que errou feio.

Massa em mais uma performance apagada, prejudicado pela falha do câmbio no sábado, fez uma corrida simples, não encontro outro termo para caracterizar o que o brasileiro apresentou. Trocou os pneus antes de todos e contou com a sorte que chegou na terceira volta. Ultrapassou sem entusiasmo e no final pouco resistiu ao excelente polonês. Claramente está desanimado, parece derrotado diante do rival espanhol e abriu mão do campeonato. Penso que se mudasse de equipe poderia ser muito mais feliz, quem sabe numa Red Bull ou McLaren.

Barrichello corre para uma fraca Williams com um motor igual ao das equipes novatas. Pelo equipamento que tem não poderia ser condenado se estivesse largando mais atrás e chegando em 15º ou 14º, um pontinho em 10º seria suficiente para estourar champanhe. Mais uma vez mostrou o quanto é ótimo piloto, largando em 6º e chegando na mesma posição. Pena que jamais terá outra chance de ser campeão.

Como não há outros brasileiros correndo de Fórmula 1, vou ficando por aqui. Bruno Senna e Lucas di Grassi que me perdoem, mas suas equipes estão numa categoria menor, ocupando o mesmo espaço na pista.

Agora o campeonato entra na reta final, a próxima corrida no Japão, depois Coréia do Sul, Brasil e Emirados Árabes. Como a briga está acirrada, provavelmente o campeão será revelado na última pista do calendário, mas acredito que a corrida de Interlagos será a mais emocionante.

F1 2010 – Palmas para a Codemasters

f1

Jogo videogames desde a pré-história, como já disse por aqui. Games de corrida me atraem a muito tempo, o mais antigo que consigo me lembrar era um arcade com um volante e um carrinho visto de cima numa tela vertical onde era preciso ir desviando dos obstáculos com movimentos laterais e abrir caminho para uma ambulância com a sirene solta que aparecia de vez em quando.

Jogos de corrida baseados na Fórmula 1 me atraem ainda mais, não esqueço a emoção de ver o “realismo” de Super Mônaco GP quando vi um Mega Drive pela primeira vez, fiquei louco com as faíscas que os carros da frente soltavam, joguei muito e nunca cansei. As gerações foram passando, os games foram ficando cada vez mais realistas, mas longe da perfeição. A série Grand Prix do PC era a melhor tradução das pistas em jogos, com a ajuda de todas as atualizações desenvolvidas pelos entusiastas de todo o mundo. Na geração do PS2, XBox e Gamecube a Sony conquistou a exclusividade da categoria e entregou games muito abaixo do que os fãs do esporte esperavam, mas também o que tinham feito antes dela não tinha sido grande coisa, apesar de ter gostado muito da versão 2001 do XBox desenvolvida pela EA, mas ainda faltava.

Até o último dia 20, o melhor game da categoria desenvolvido para os videogames foi Formula One Championship Edition, ainda sob o monopólio da Sony, baseado na temporada de 2006, a última de Schumacher na Ferrari e de Montoya na McLaren. Quando foi anunciado que a Codemasters seria a responsável para desenvolver o próximo game, comemorei muito. A empresa já havia provado que entendia do assunto com os aclamados games da série Toca e na geração atual com Grid e Dirt.

Desde esse anúncio, fiquei em contagem regressiva, ansioso para ver como ficaria a F1 reproduzida pela Codemasters e hoje consegui experimentar o resultado pela primeira vez, apenas quatro dias após o lançamento oficial. A emoção foi muito parecida com a surpresa de ver Super Mônaco GP a mais de vinte anos, quase incrédulo ao constatar o tamanho de tanta perfeição dos gráficos, sons e principalmente a jogabilidade.

O game reproduz o universo da categoria máxima do automobilismo, como diria Galvão Bueno, com preciosismo de detalhes, mas o melhor mesmo é a sensação da corrida, desde a largada até a bandeirada final, quando o jogador fica instigado a buscar a máxima performance, abusando dos pontos de freada e, claro, errando e rodando na pista. Está tudo lá, a disputa com o companheiro de equipe, a luta por um lugar no pódio, a comunicação com o engenheiro da equipe, as estratégias, a velocidade, os toques, como já disse, tudo.

Para quem mal liga a TV em dias de corrida e prefere qualquer game de tiro em primeira pessoa a um bom game de corridas, o lançamento de F1 2010 pode passar despercebido, mas para quem é fã da categoria desde a época de Fittipaldi, sonhou em ter um autorama, passou a noite acordado para ver Nelson Piquet ser campeão, se emocionou por todas as conquistas de Senna, admira Barrichello e todos os pilotos brasileiros e tudo que envolve a F1 e, principalmente, ama videogames, o título da Codemasters é um sonho realizado e sonhos não tem preço.

Tadinho… Um pecado!

 acidente

Impossível ficar indiferente a uma cena tão trágica quanto essa. Não, não ligo picas pra Ferrari que deve ter sido guiada pelas ruas por um playboyzinho de merda em altíssima velocidade. Toda a minha comoção vai para o pobre Corcel laranja que pelo brilho do parachoque e a qualidade da pintura, devia estar em boas condições, circulando  tranquilamente com sua velocidade de motorzinho Ford 1.3.

Triste como um carrinho desses, um clássico da indústria nacional, pode acabar assim depois de tantas histórias, famílias que passearam e guardaram lembranças eternas, casais que namoraram nos seus confortáveis bancos de vinil, crianças que buzinaram pela primeira vez no volante do papai, o orgulho de ser o primeiro carro de algum jovem na fase final da adolescência, herdado do avô… Transformado em ferro-velho por uma Ferrari totalmente fora do lugar, que deveria estar reluzindo numa garagem ou rodando numa pista particular.

Um minuto de silêncio para o carrinho!

Em sua homenagem, um “reclame” da época, “êta cavalinho bom!”:

Azeitonas

azeitona

Cada vez mais as pessoas estão ficando adeptas ao trash food, pelo menos uma vez por semana quando a gente lembra que o feijão acabou e esqueceu de deixar uma porção de molho para cozinhar mais uma panelada. As pesquisas e as balanças provam isso, todo mundo em casa precisa trabalhar e o feijão cria caruncho no armário, alguns já o riscaram da lista de compras.

Então qual a melhor solução? Apelar para uma das muitas ofertas de delivery equilibradas entre as contas e os imãs na geladeira, de vez em quando a gente arrisca um pedido de lanche, esfihas ou comida chinesa, mas a preferência nacional é a pizza, tanto que chega enjoar, aliás, chego a pensar que a pizza está virando feijão.

Acabamos virando especialistas no assunto, foi-se o tempo que escolhiamos entre muçarela e calabresa, agora são tantas opções e invenções que imagino ser infinita as possibilidades. Mas o que me irrita é a qualidade das azeitonas, a grande maioria não dá para engolir, umas verdinhas e pequenininhas, sem gosto que servem na maioria das vezes para enfeitar e atrapalhar. Toda a vez que a tampa é aberta vem a surpresa, boa ou ruim, às vezes com um “humm, dessa vez capricharam…” ou “ihhhh, paguei tão caro por isso?”, mas invariavelmente todos preferem separar as bolotas ou pegar primeiro a fatia livre delas.

Quem pega as azeitonas arrepende-se depois, se coloca uma na boca logo percebe que foi enganado com uma coisa nojenta rolando na língua. Morde e tira a polpa percebendo que o caroço é gigante, então disfarça um passeio da mão à boca e volta com o caroço asqueroso no prato ou disfarçado no guardanapo. Depois tem que continuar a comer com aquelas sobras feias rondando as beiradas.

O duro é conseguir receber uma pizza sem o complemento. Fiz o pedido e, no final, lembrei do problema:

- Dá pra mandar sem azeitonas?

- O senhor não gosta?

- Adoro, por isso que não quero, prefiro as do meu vidro que já está comemorando aniversário na geladeira do que essas coisas sem gosto que vocês mandam…

Mas a moça finge que não escuta direito e disfarça um “tudo bem senhor”. Insisto e ouço:

- Mas sempre trabalhamos com produtos de qualidade, mesmo assim, vou deixar anotado no sistema que o senhor prefere pizza sem azeitonas.

Desconfio desses sistemas… Se funcionasse não precisariam perguntar o número do meu telefone toda a vez que ligo…

O motoboy chega, pago e recebo as caixas quentinhas. Advinhem?

Droga de azeitonas.

El fodon

Todos riram quando a algumas corridas Alonso insistia com a tese de que poderia lutar pelo campeonato, um absurdo que nem a mãe dele acreditaria, pois estava evidente a força da Red Bull seguida da McLaren.

Quando deu ordens para a Ferrari segurar Massa para dar a vitória a ele, na Alemanha, todo mundo o achou ridículo, quem ainda tinha uma certa simpatia pelo espanhol por ter sido o grande rival de Schumacher, passou a odiá-lo por ter feito a mesma coisa que o alemão contra um brasileiro.

Dei risada quando vi sua pífia performance em Spa, caçoando da sua desastrosa condução sob todos os climas daquela corrida. Mas hoje é preciso reconhecer que Don Alonso, el fodon, guia muito. Conseguiu uma pole em Monza, casa da Ferrari, sem ter exatamente o melhor carro. Largou mal, quase foi ultrapassado por Massa, arriscando vários toques, mas soube manter-se o tempo inteiro próximo de Button que desfilava seu potente motor Mercedes com todas as vantagens aerodinâmicas do carro em linha reta. Ajudado pela equipe num ótimo pit stop, foi macho para travar pneus e manter-se à frente do lorde inglês para garantir a vitória até o final.

Com a batida em Massa, Hamilton pode ter dado adeus ao campeonato, deixou de pontuar numa pista favorável à McLaren, agora terá pela frente 5 corridas que favorecem muito a Red Bull de Mark Webber, australiano que merece toda a atenção da equipe, já que o pimpolho alemão não soube garantir uma melhor posição no time.

Na reta final, o campeonato está pra lá de embolado, muita coisa pode acontecer. Até essa manhã apostava todas as minhas fichas em Mark Webber, mas depois de ver Alonso se reposicionar contra todas as expectativas, acendi o sinal amarelo.