Azeitonas

azeitona

Cada vez mais as pessoas estão ficando adeptas ao trash food, pelo menos uma vez por semana quando a gente lembra que o feijão acabou e esqueceu de deixar uma porção de molho para cozinhar mais uma panelada. As pesquisas e as balanças provam isso, todo mundo em casa precisa trabalhar e o feijão cria caruncho no armário, alguns já o riscaram da lista de compras.

Então qual a melhor solução? Apelar para uma das muitas ofertas de delivery equilibradas entre as contas e os imãs na geladeira, de vez em quando a gente arrisca um pedido de lanche, esfihas ou comida chinesa, mas a preferência nacional é a pizza, tanto que chega enjoar, aliás, chego a pensar que a pizza está virando feijão.

Acabamos virando especialistas no assunto, foi-se o tempo que escolhiamos entre muçarela e calabresa, agora são tantas opções e invenções que imagino ser infinita as possibilidades. Mas o que me irrita é a qualidade das azeitonas, a grande maioria não dá para engolir, umas verdinhas e pequenininhas, sem gosto que servem na maioria das vezes para enfeitar e atrapalhar. Toda a vez que a tampa é aberta vem a surpresa, boa ou ruim, às vezes com um “humm, dessa vez capricharam…” ou “ihhhh, paguei tão caro por isso?”, mas invariavelmente todos preferem separar as bolotas ou pegar primeiro a fatia livre delas.

Quem pega as azeitonas arrepende-se depois, se coloca uma na boca logo percebe que foi enganado com uma coisa nojenta rolando na língua. Morde e tira a polpa percebendo que o caroço é gigante, então disfarça um passeio da mão à boca e volta com o caroço asqueroso no prato ou disfarçado no guardanapo. Depois tem que continuar a comer com aquelas sobras feias rondando as beiradas.

O duro é conseguir receber uma pizza sem o complemento. Fiz o pedido e, no final, lembrei do problema:

- Dá pra mandar sem azeitonas?

- O senhor não gosta?

- Adoro, por isso que não quero, prefiro as do meu vidro que já está comemorando aniversário na geladeira do que essas coisas sem gosto que vocês mandam…

Mas a moça finge que não escuta direito e disfarça um “tudo bem senhor”. Insisto e ouço:

- Mas sempre trabalhamos com produtos de qualidade, mesmo assim, vou deixar anotado no sistema que o senhor prefere pizza sem azeitonas.

Desconfio desses sistemas… Se funcionasse não precisariam perguntar o número do meu telefone toda a vez que ligo…

O motoboy chega, pago e recebo as caixas quentinhas. Advinhem?

Droga de azeitonas.

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