Teresa Cristina – Melhor Assim

teresac

Estou ouvindo pela segunda vez seguida o CD de Teresa Cristina, Melhor Assim, com pique para continuar a noite inteira.

Todas as 14 faixas são imperdíveis, com samba da melhor qualidade numa voz doce e encantadora. Se não bastasse sua presença, em algumas canções está acompanhada de Marisa Monte, Seu Jorge, Lenine, Caetano e Arlindo Cruz.

Confesso que não a conhecia, talvez a tenha visto ou ouvido de passagem, mas não a registrei, até que por esses dias a vi numa entrevista ao Jô Soares com um papo maravilhoso, cantando várias músicas muito bem acompanhada por instrumentistas afinadíssimos.

Em tempos de pirataria, as lojas de CD praticamente desapareceram e tive que esperar uma oportunidade para encontrá-la nas prateleiras, com um prazer imenso.

O top do ridículo no Lata Velha

latavelha

A maior parte dos carros transformados pelo Lata Velha, apresentado por Luciano Huck, viram aberrações, mas se o sorteado fica feliz, que siga a vida. Choro até hoje pela destruição pública de um Karman Guia que precisava de uma leve restauração.

Mas o que fizeram hoje foi um abuso ao bom senso. Um sujeito trabalhador e honesto, pedreiro, pai de família, quase sofreu um infarte ao ver o que pensava ser o seu carro pegando fogo, um Logus 1996 que apesar da ferrugem, ainda o servia com alguma dignidade. Desfeita a pegadinha, teve que reunir a família para apresentarem-se no palco fantasiados de Jackson Five. Ao final da apresentação, recebe como prêmio a atrocidade sobre rodas estampada na foto acima, com apliques de pastilhas de parede e decalques imitando tijolos, maçanetas de colher de pedreiro, abertura de porta-malas com botão de válvula de descarga, painel pintado de azul, alavanca de cambio feita com marreta, entre outros detalhes igualmente ridículos.

O pobre homem chorou, perdeu a voz e, acuado na sua humildade, agradeceu. Chorei junto, comovido com o estrago.

Não entendo qual a graça de transformar os carros em alegorias. Na maioria dos casos, os participantes ficariam felizes com um carro novo e, quando realmente amam seus usados, tenho certeza que se emocionariam mais se os vissem restaurados, saindo das cortinas como novos.

O que vi hoje foi um insulto.

Surpresas dos Deuses do Esporte

Alonso foi o nome do campeonato 2010. Quando ninguém acreditava numa recuperação da Ferrari, o piloto espanhol declarou que seria campeão e a reação não poderia ser diferente, todos riram, pois naquele momento a superioridade da Red Bull e da McLaren parecia inalcançável.

Mas após o GP da Alemanha, naquele domingo triste do automobilismo brasileiro quando fomos obrigados a assitir nossa esperança abrir passagem, a McLaren perdeu rendimento e a Red Bull perdeu valiosos pontos pelos erros infantis da sua dupla de pilotos. Então, a profecia do asturiano deixou de virar piada.

Na penúltima etapa, no Brasil, todos davam como certo o campeonato do espanhol depois de a Red Bull afirmar que não faria jogo de equipe e não trocar as posições de Vettel e Webber. A lógica era ferrarista, mas os deuses do esporte são mais poderosos.

Numa pista construída para ser o maior parque de diversões do mundo, esqueceram de fazer pontos de ultrapassagem, o detalhe mais divertido do automobilismo e Abu Dhabi virou sinônimo de corrida chata. O palco da última corrida não era o melhor, mas finalizando um dos mais disputados anos da categoria, a emoção estava garantida.

E foi emocionante ver o heptacampeão sair ileso depois de quase ser atingido na cabeça pela Force India de Liuzzi, obrigando a entrada do safety car, uma grande oportunidade para uma parada de troca de pneus, opção que a tradicional equipe de Maranello deixou de fazer, destruindo as chances dos seus pilotos na pista. Uma rodada de Schumacher destruiu a estratégia da Ferrari, uma irônica surpresa.

Seguindo o que tinha sido acordado, Alonso parou depois e voltou atrás de Petrov que tem muitas chances de ficar de fora em 2011, mais um bom motivo para não facilitar a ultrapassagem do espanhol. Então, mais uma grande ironia, Alonso, bi-campeão pela Renault teve suas chances destruídas pelo 2º piloto da sua antiga equipe, aquela mesma que não era digna do seu talento e em que ele foi ajudado pela destruição da carreira do então 2º piloto, Piquet. Após a bandeirada, escancarou a sua arrogância, aquela mesma que limou as chances de vitória de Massa e que foi mal disfarçada nas declarações posteriores, gesticulando nervosamente contra o piloto russo. Os deuses do esporte mostraram porque Alonso não deveria ser campeão. Uma surpresa para os que ainda acreditavam na sua índole.

Webber foi estranhamente apático. O piloto australiano mostrava-se derrotado nos primeiros treinos, talvez depois da decepção do 2º lugar no Brasil. Classificou-se mal e mal permaneceu na corrida, apesar de guiar o melhor carro do ano. Acreditei que voltaria a ser o mesmo que venceu em Mônaco, mas talvez os deuses o abandonaram. Uma triste surpresa.

Contra a lógica dos pontos, a consagração de Vettel. O alemãozinho que como criança chorou e que como aprendiz errou durante o ano, mostrou que é o melhor. Mereceu por tudo que já fez na Fórmula 1, por amar os carros e pilotar como um gênio mesmo quando não tinha o melhor carro, como em 2008 sob chuva intensa em Monza. Uma grata surpresa.

Bom seria se fosse IGUAL!

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O McDonald’s resolveu torrar sua verba publicitária no lanche que é quase um símbolo da rede, o Big Mac.

O problema continua sendo o mesmo, o lanche que aparece na TV, na infinidade de banners da internet, nas revistas e em todas as outras imagens divulgadas é infinitamente diferente daquilo que nos oferecem na caixinha vermelha e branca. E olha que já fui fã, tanto que cheguei a cantar a musiquinha dos ingredientes quando ainda vinha acomodado numa caixinha amarela de isopor, só para ganhar um refrigerante extra .

Uma das últimas vezes que resolvi pedir um “número 1” recebi um amontoado insosso de pão, carne e alface que denunciava a péssima vontade de quem o montou, uma profunda baixa na qualidade de atendimento da rede. Reclamei e o gerente não trocou, mandei um relato através do email divulgado no site da empresa e recebi uma mensagem padrão dizendo que testariam o atendimento no local, mas depois disso, nada.

Parei de comer Big Mac e qualquer outro lanche dos arcos dourados. Mudei para Burguer King, muito maior e melhor, com ingredientes mais frescos e saborosos, com um monte de variações e refrigerante à vontade.

Considerando o empenho do McDonald’s em ressuscitar seu carro-chefe, não fui o único.

Como é belo poder ser um ser

Para todos se contagiarem de alegria e felicidade por simplesmente estar aqui. Nesse vídeo, com uma música que consegue ser ao mesmo tempo concisa e profundamente poética, Moreno Veloso nos presenteia. Mas cuidado, não conseguirá deixar de cantarolar depois.

How beautiful could a being be

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?

Carlos Drummond de Andrade