Silvio Santos e a Corrida de Fórmula B


Dizem que é brega, que já está ultrapassado e que não aguentam mais. Mas quando podem, assistem.

Apesar da idade, das fórmulas velhas e ultrapassadas, das gags, das frases batidas e esgarçadas, Silvio Santos continua divertindo a todos.

Muita gente não sabe ou não se lembra que SS era a principal estrela da TV Globo, isso mesmo, dominava todo o domingo com seus programas, aliás, o domingo só começava quando ele aparecia na tela, com a animada canção “Silvio Santos vem aí, lá lá, la ra la lá!”, estendia-se durante todo o dia e finalizava com a Praça da Alegria, comandada por Manoel da Nóbrega. Saiu, foi para a Tupi, o programa chegou a ser transmitido simultaneamente com a TV Record, de sua propriedade, pelo menos em São Paulo. A Globo, sem Silvio, transmitia só as séries e filmes americanos, a famosa fase dos enlatados, e perdia feio na audiência. Não tenho os dados, mas garanto que o dono do Baú mantinha mais de 80% da audiência.

As famílias brigavam por um espaço no sofá, todos, juntos, colados, assistindo ao programa, interminável, rindo, comentando e se divertindo.

Mais ou menos nessa época, quando a base do animador era o Cine Teatro Sol, na Av. Ataliba Leonel, mais tarde batizado como Teatro Silvio Santos, no bairro do Carandiru, numa estrutura quase mambembe, vi o ídolo das famílias ao vivo e, principalmente, em cores.

No mesmo bairro havia um fotógrafo que cobrava mais barato por fotos de documentos, com revelação na mesma hora. A escola exigia que entregasse 2 fotos 3X4, para fazer a Carteirinha do Estudante, para quem não se lembra, uma carteirinha com a identificação do aluno na capa, nas primeiras páginas trazia hinos nacionais, seguida por várias páginas a serem carimbadas com “presente” e “ausente” e, no miolo, o temido boletim. A maior parte do ano ficava desatualizada, mas era uma bela carteirinha, volumosa, parecida com uma Carteira Profissional, cheia de folhas. Adorava! Carregava orgulhoso a minha, no bolso da camisa branca da escola, completando o uniforme com calça de tergal azul e sapato preto, de couro, bico de pato.

Enfim, numa tarde depois da escola seguimos, minha mãe e eu, para o tal fotógrafo, numa roupa caprichada, com o pente no bolso, para sair bonito na chapa. Uma viagem de ônibus, o ponto era próximo da loja. Mas para a volta era preciso voltar um bom pedaço a pé. No caminho, passamos em frente ao famoso teatro, com um movimento frenético de mulheres na calçada. Minha mãe arriscou e perguntou a uma delas o que estava acontecendo, soube que estavam gravando um programa do Silvio Santos, mas que estavam para fora porque havia dado problema numa câmera.

Quase no mesmo instante apareceu um sujeito na porta do teatro e pediu que todas entrassem porque recomeçaria a gravação. Minha mãe, curiosa para ver o apresentador, popular desde a sua juventude, quis entrar junto. Sabia que a platéia era exclusivamente feminina, mas falou com o segurança para que me deixasse entrar, só por um tempinho. O sujeito olhou para mim, não viu uma grande ameaça no alto dos meus 8 ou 9 anos e consentiu com a cabeça.

Entramos, sentamos, a platéia silenciou e logo entrou aquele homem, que antes para mim só existia dentro da tela, em carne e osso, quase pálido, não fosse a maquiagem, vestindo um autêntico terno da Camelo, marca que fazia questão de anunciar. A mesma voz, mais alta, mais clara, encheu os ouvidos do auditório, a claquete exigia palmas, o show estava começando, Corrida de Fórmula B, um programa de perguntas em que dois competidores exageradamente maquiados e ridiculamente vestidos, disputavam um prêmio. Mas no meio da gravação, uma voz manda parar. A câmera havia pifado mais uma vez.

Ih, que droga, minha mãe, já preocupada em chegar rápido em casa para dar tempo de botar o feijão de molho e preparar o jantar para o meu pai que chegaria faminto do trabalho, não poderia esperar. Tive certeza que sairíamos naquele instante. Mas Silvio sabia que a platéia era importante, então, pediu uma rápida licença, talvez para um gole de água, e logo voltou exibindo uma animação ainda maior do que a gente se acostumou a ver nos programas. Veio para perto da gente, no meio da platéia, brincou com todo mundo, conversou, contou piadas, nosso amigo íntimo a muito tempo, mostrando simplicidade e aumentando ainda mais o seu carisma. Com a câmera quebrada, o show tinha ficado ainda melhor.

Depois de um tempo aproveitando do seu convívio, precisamos sair, o medo de perder o ônibus e demorar para chegar em casa era maior em minha mãe.

Nunca mais pude ver o patrão do SBT desse jeito, acho que nem minha mãe, que hoje nem precisa se preocupar em correr para cozinhar tanto feijão. Mas garanto que Silvio Santos está em sua casa todos os domingos, junto com o cheiro de caramelo de pudim e do molho de tomate sendo cozido por horas, com perfume de manjericão.

GPS: Quem já foi vítima, põe o dedo aqui!

perdido

Não há dúvida que o GPS é um belo acessório, quase obrigatório nas grandes cidades. Muitas vezes uma salvação, principalmente em situações em que a gente se encontra completamente perdido, numa madrugada, depois de uma festa, numa cidade desconhecida e sem ninguém sóbrio o suficiente para indicar um caminho. Várias vezes me questionei em como consegui sobreviver tanto tempo sem GPS e celular.

Claro que o aparelhinho está longe da perfeição. Às vezes dou risada sozinho, com as sugestões estapafúrdias da loira que tem dentro dele, mas nada que realmente seja prejudicial, até hoje o máximo que experimentei foi uma confusão com a numeração dos endereços, mas sempre cheguei tranquilamente na via correta.

Nesse feriado, buscando uma alternativa para comemorar o aniversário do meu filho, resolvi levá-lo para o Hopi Hari. Bastou selecionar o nome do parque numa busca rápida do banco de dados e logo recebi um caminho que me pareceu convincente, saindo do Vale do Paraíba pela Rodovia D. Pedro I e depois desviando em Itatiba para seguir por uma vicinal até Vinhedo.

Sei chegar na D.Pedro I, então só liguei o bichinho quando estava lá. Logo me mandou desviar para um caminho esquisito, mas vi que era uma falha, pois não havia nada ali. Tudo bem, achei que devia ser só um defeito no mapa e segui em frente, até Itatiba, como já havia visto. No ponto esperado, um desvio me levou direto para uma estradinha, quase simpática, não fosse a quantidade de radares e a falta de placas indicadoras de velocidade, um crime. Logo à frente, me mandou subir uma rua sem movimento, com barrigudos lavando carros no feriado, meu desconfiômetro foi acionado. Em seguida, uma estradinha de terra. Tudo bem, quis acreditar que fosse um atalho, mas a poeira começou a aumentar e a buraqueira a ficar mais funda, então agradeci por não estar chovendo. Mais pra frente, um lixão a céu aberto, desviei de animais mortos, sofás velhos, urubus… Segui em frente e logo vi o meu ponto na telinha estar solto no meio do nada. O pessoal começou a ficar desesperado, mas tentei manter a calma.

Voltei um pouco para trás e logo avistei um outro carro passando! Devia estar usando o mesmo GPS… Segui e logo voltei ao mapa, numa estradinha confortável, bem asfaltada, com várias pousadas e sítios em volta. Um tempo depois, cheguei a Vinhedo, comemorei e continuei seguindo, vendo que o movimento de carros era mais intenso e acreditando que não faltava muito para chegar.

De repente, chego num entroncamento complicado e a loira grita, “Você chegou ao seu destino!!!”. Olho para todos os lados e não consigo enxergar uma roda gigante. Paro num posto de combustível e um frentista apressado me responde que tenho que pegar a Rodovia Anhanguera e seguir até Jundiaí, depois voltar pela Bandeirantes até chegar ao parque.

Peraí, achei que já estava no lugar e o cara me manda para mais uma aventura dessas? Duvidei. Perguntei a outro cara, mais paciente, que me explica o mesmo caminho, com mais detalhes. Fiquei muito P da vida!!! Por pouco não atirei o GPS pela janela!!!

Fazer o quê… Segui as indicações e depois de mais um tanto de quilômetros rodados, somando quase 4 horas de viagem, chego finalmente ao parque, exausto. Talvez seria mais perto e menos cansativo chegar ao Rio de Janeiro, com tempo para dar um mergulho na praia de Copacabana.

Na volta, deixo o aparelho guardado e sigo meus instintos, que me levam até São Paulo, pela rodovia dos Bandeirantes e de lá, marginal Tietê e Dutra, com aceitáveis 2 horas de viagem.

Ainda somos melhores que as máquinas.



Muita gente que vai ao Hopi Hari passa direto pela portaria, dá uma parada no banheiro e segue para a Roda Gigante, deixando de perceber o Theatro di Kaminda, um excelente espaço teatral, muito bem equipado, com poltronas confortáveis e peças sempre muito bem produzidas. Dessa vez, assisti Arlequim e seus dois patrões, uma comédia della arte, de Carlo Goldoni, com 45 minutos de duração. Esse espetáculo já vale o ingresso.

Meus carros: O Fusca Laranja

laranja

Fui às ruas para gritar pelas “Diretas Já”, estive bem perto do palanque montado no Anhangabaú, vendo lado a lado Lula e FHC, Montoro e Covas, Ulysses soberano, todos unidos numa luta pela democracia, pelo fim da ditadura militar. Deu no que deu, a morte repentina da esperança e a ascenção de um dos ícones da ARENA, assumindo a presidência depois de uma estranha manobra, virando a casaca a favor do poder, mais uma vez, José Sarney.

A inflação fazia parte da nossa vida, mas com o governo Sarney atingiu patamares insustentáveis, surgiu o Plano Funaro, sumiço de mercadorias, empréstimos compulsórios, poupança desvalorizada, o que custava $1,00 no início do dia, chegava à noite custando $10,00. Tentávamos nos iludir, tanto que às vezes acreditávamos na reposição de salário que chegaria no final do mês, aumento sempre insuficiente. Sentíamos como náufragos, afundados, lutando por um pequeno gole de ar da superfície, mas logo arrastados de volta para as profundezas. A tão aguardada “abertura” era apenas um refresco para iludir os eleitores, os modos e costumes da ditadura continuavam presentes, como puderam comprovar os alunos da PUC que tentaram assistir “Je Vous Salue, Marie”, desafiando a ordem do coronel bigodudo, num início de ano letivo, e vivenciaram mais uma invasão da truculenta polícia federal que tentou acabar com a festa. A confusão foi imensa, os policiais viram a massa de alunos e desistiram, poucos para tantos. Era minha estréia nos corredores da universidade, um movimento que chegava a me assustar.

Depois de uma promoção no BCN, motivada pelo reconhecimento da minha habilidade no teclado, que permitia operar com facilidade uma máquina de Telex, achei que seria bom cursar Contabilidade, empurrado por minha mãe que sonhava em ver o filho formado e com um bom cargo na instituição. Mas via minhas economias cada vez mais corroídas pela inflação. O amargo lucro que recebi do “Fusca azul pavão que nunca foi meu” se perdeu no complicado efeito da desvalorização da moeda. Precisava ganhar mais para conquistar o meu sonho.

Mais uma vez caí na sedução do meu pai. O velho havia montado uma oficina de borracharia, mas dizia que precisava da minha ajuda. Oferecia uma série de vantagens e de ganhos para que eu largasse meu emprego no banco e fosse ajudá-lo. No começo, resisti. Mas ele me obrigava a trabalhar nos finais de semana, me deixando exausto, sem descanso depois de uma longa semana dividida entre escritório e faculdade. Me pagava a metade do que recebia com a minha mão de obra, consertando pneus. Não era pouco. Os pneus sem câmara de ar eram restritos aos carros novos, raros naquela época. O mais comum era os pneus esvaziarem por câmeras desgastadas, com remendos mal feitos que vazavam com facilidade, poucas vezes furavam com pregos. O movimento era intenso.

A ambição falou mais alto e acabei abrindo mão do meu emprego e largando a faculdade, partindo para uma ilustre carreira de borracheiro. No começo, como todo começo, tudo foi bem, e os ganhos eram suficientes para deixar os dois lados, pai e filho, satisfeitos. Dividíamos também aquele Fusca ex-Telesp, que já figurou por aqui. Mas não tardou para aparecer os desentendimentos. O carro era dele durante a semana inteira, servindo para a locomoção de casa até o trabalho, onde eu era apenas passageiro. Nas tardes de domingo, quando finalmente me livrava da pesada carga de trabalho, ficava livre para uns passeios com o carrinho. Toda a segunda-feira de manhã, quando ele dava a partida, conseguia ouvir barulhos que eu nunca percebia, me culpando por todos os defeitos que não existiam. Não podia aceitar aquilo calado e respondia, sem muito respeito, não o deixando esquecer que o meu azul pavão tinha sido injustamente vendido.

Um dia, cansado de tanto me ouvir e provavelmente preocupado com as minhas ameaças de comprar uma moto, meu pai chegou na borracharia dizendo que tinha visto um Fusca numa loja de carros e que, se eu gostasse, poderia fechar o negócio que ele me emprestaria a diferença. Corri para a loja, pronto para aceitar qualquer coisa que aparecesse, desde que tivesse rodas e saísse do lugar.

O carro tinha sido fabricado em 1975, com mais de 10 anos de uma vida bastante sofrida, refletida numa carroceria toda desengonçada, com amassados, assoalho enferrujado e um motor cansado. A cor era difícil de engolir, um laranja, bem forte, que podia ser reconhecido a quilômetros de distância. Olhei com cuidado, balancei a polia do motor e vi uma boa folga, dei a partida e depois de algumas golfadas de fumaça, funcionou. UAU!!!! Gritei de satisfação!!!! O carro era meu!!! Amor à primeira vista.

Senhores, o Fusca Laranja foi meu primeiro carro, com direito a nome estampado no documento, para que eu pudesse rodar livremente, pelo menos enquanto ele aguentasse.

Com o carrinho, passei por um monte de histórias. Impossível registrá-las agora, prometo que volto a contá-las. Me cobrem, tem aquela vez que viajei pela primeira vez, à noite, sem documentos… Tem aquela vez que me perdi de madrugada na desconhecida zona leste da cidade, dando carona para umas garotas da faculdade… Tem aquela vez que o cabo do acelerador quebrou e me obrigou a passar a noite no meio da rua, em pleno carnaval, sem roupa, sem dinheiro e sem comida… Tem aquela vez que…

Aguardem.

Muito obrigado!

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Fazer aniversário é sempre muito legal, uma comemoração pela benção da vida, torcendo para que a data se repita ainda por muito tempo.

Sou veterano nesse negócio de internet, tô surfando desde a época em que era restrita aos computadores da USP, com um login conquistado depois de puxar muito o saco de um professor,  mas claro que era uma época romântica, em que não havia spam e que todos os emails eram respondidos com rapidez impressionante, um negócio elitizado, quando “surfar” remetia às ondas do mar.

Até pouco tempo, o máximo que aparecia na minha caixa postal, em época de aniversário, eram os cupons de desconto das empresas que levam nosso dinheiro durante o ano inteiro, lutando por uma fidelização do consumidor. Esse ano as redes sociais bombaram as minhas contas de email, com muitas mensagens lindas, que me tomaram um tempo para responder, uma tarefa que fiz com um enorme prazer. Mas foi um claro sinal que agora a internet é pop!!! Todo mundo tem um acesso rápido, com um computador decente que roda liso. Uma vitória, um sonho realizado por todo velho nerd como eu.

Espero que ninguém tenha ficado de fora, mas se ficou, aqui vai um reforço, muito obrigado!!! Adorei todas as mensagens, lembranças, presentes.

China…

Button – Tenho que dar o braço a torcer, nunca dei muito crédito para esse cara, achava que tinha sido campeão em 2009 só por ter o melhor carro no começo da temporada. Duas vitórias em quatro corridas, surpreendendo ao vencer ótimos pilotos e equipes, por ter coragem no momento certo. Arriscou em manter-se na pista enquanto todos correram para os boxes ao mínimo sinal de chuva. Não errou e conquistou a vitória com soberania.

Hamilton – Deu show, como costuma fazer, arriscou nas ultrapassagens e conseguiu não errar tanto dessa vez, por isso chegou bem na segunda posição. Acho que a equipe não impediria uma tentativa de ultrapassagem sobre Button, mas o ímpeto acabou com seus pneus, já não tinha carro para brigar. Mais uma vez, o nome da corrida.

Rosberg – O alemãozinho só confirma o que todo mundo já sabia, corre muito. Fez milagre no passado com a fraca Williams e com um carro bom nas mãos, mostra competência. Consegue ir além do que a Mercedes pode oferecer no momento.

Alonso – Queimou a largada por pouco, tanto que foi difícil enxergar. A punição não foi tão grave, já que a corrida foi confusa para todos, com safety car e muitos pit stops. Correu o tempo inteiro no limite, cheguei a duvidar que o motor aguentasse e fez belas ultrapassagens, mostrando ser muito mais piloto que Massa em pista molhada. Deu o pulo do gato ao ultrapassar o brasileiro na entrada do box, acirrando a polêmica na briga interna da equipe, mas se não fizesse isso, seria obrigado a ficar muitas voltas atrás do companheiro.

Kubica – Competente, como sempre, faz a Lada (Renault) render muito mais do que pode. Chegar em 5º já não é mais surpresa.

Vettel – Perdeu a corrida. Ficou evidente que a Red Bull acertou o carro para a pista seca, por isso dominou os treinos e conquistou a pole position. Mesmo sendo mestre embaixo d’água, o alemão não conseguiu fazer o carro render. Ficou com gosto amargo de derrota.

Petrov – O piloto Lada mostrou que é bom de chuva, mesmo escapando em algumas curvas, fez ultrapassagens e chegou numa boa posição para um estreante.

Webber – Pela experiência e pelo ótimo carro, devia ter conquistado mais, pelo menos ter chegado na frente do russo. É ruim de doer.

Massa – Foi mal, perdeu muito tempo atrás da Williams de Barrichello e sofreu para passar Schumacher. Sofre em pista molhada, mas desconfio que não iria bem mesmo que a pista estivesse seca. O erro na classificação já deu o tom que a corrida não seria boa. Honesto, assumiu o erro e, político, aliviou a bronca por ter sido ultrapassado por Alonso na entrada dos boxes. Melhor assim, está prestes a renovar o contrato e não pode jogar seu futuro pela janela dando uma declaração inconveniente nesse momento. Terá outras oportunidades para virar o jogo sobre o espanhol.

Schumacher – Uma decepção. Sua atuação foi muito abaixo do que se podia esperar de um heptacampeão, mesmo tendo ficado 3 anos afastado e com 41 anos nas costas. Mas continuo acreditando que voltará a ser competitivo, talvez no próximo ano, quando já estiver com as condições físicas readaptadas e com o carro desenvolvido para o seu perfil de pilotagem. Por enquanto está sendo uma espécie de tutor para os novatos, ensinando-os a brigar por uma posição intermediária.

Os brasileiros – Barrichello costuma se superar quando tem um carro ruim, mas dessa vez a Williams estava tão ruim que nem ele conseguiu fazer alguma coisa. O fraco motor Cosworth rende muito pouco e impossibilita qualquer resultado em pistas com retas longas. Mesmo assim, foi o melhor na 2ª divisão da categoria, só abaixo das que  correm com motores de verdade.

Senna – ótimo resultado, chegou ao final da corrida, duas voltas atrás, mas duas voltas a frente do companheiro. Considerando que corre com um lixo sobre rodas, sem aerodinâmica e sem motor, fez milagre.

di Grassi – Se um dia tiver carro, poderá mostrar seu talento, por enquanto, está no mesmo barco de Senna, ganha experiência quando o carro não quebra. Dessa vez, quebrou.

Rádio Velhão - Trem das Cores

Hoje o Velhão aumenta mais um ano na contagem de tempo na terra, não foram tantos a ponto de atrofiar os dedos, mas já foram suficientes para deixar a cabeleira com um tom prateado, indisfarçável. Bons anos, vividos na paz, conhecendo e compartilhando o tempo com pessoas queridas. Sinto que o tempo tem me trazido cada vez mais serenidade e apurado meu olhar para as coisas boas da vida, suas cores, sua poesia.
Para comemorar, ao invés do raso "Parabéns", vou programar "Trem das Cores" como minha música do dia.
Ouçam também, de olhos fechados, colorindo o pensamento, permitindo-se a uns instantes de tranquilidade.
Tenham todos um belo dia.

Meus carros: O fusca azul pavão que nunca foi meu

fusca

Sou da época em que era comum os garotos trabalharem cedo, cresci sabendo que o trabalho é a parte mais importante da vida e, claro, a importância de poupar alguns trocados para não passar tantos apertos.

Assim, com uns quatorze anos já era um dos mensageiros do Banco de Crédito Nacional, o BCN, que desapareceu absorvido pelo gigante Bradesco. O salário era mínimo e a carga horária pesada, gastando a sola o dia inteiro pelas ruas da metrópole. Muitas vezes optava por esticar uma caminhada para embolsar o dinheiro da condução. Naquela época o trabalhador não tinha mordomia, o mínimo salário tinha que dar conta do transporte e da alimentação, o que sobrava mal dava para comprar uma calça jeans genérica e um par de tênis de tempos em tempos, roupa que era gasta para o próprio trabalho, assim, no início da minha adolescência, era um obediente escravo de banqueiro, pois os trocados que recebia mal eram suficientes para me manter com mínima dignidade no trabalho.

Mesmo assim, administrando a pobreza, conseguia guardar alguns trocados numa poupança, coisa pequena. Certo dia, enquanto espremia minhas espinhas de 17 anos, meu pai chegou com uma novidade, oferecia uma sociedade na compra de um carro. Achei estranho, mas ele continuou com a oferta, havia encontrado um fusca 1970, de uma viúva, abandonado a uns 5 anos no quintal, pois a dona não sabia dirigir e não queria se livrar do querido carro do falecido. O estado da lataria, largada a própria sorte sob sol e chuva por cinco anos, não era das melhores, mas era um carro que o defunto tinha desde 0km, sem nunca ter sido batido e com pouca quilometragem.

Com o saldo da minha poupança, 5 mil alguma coisa (não lembro mais a moeda da época), foi possível contentar a viúva e limpar o seu quintal. O carro seguiu direto para a oficina e depois de uma reforma na funilaria e uma bela revisão mecânica que consumiu outros 5 mil do meu pai, chegou em casa tinindo de novo, aquele azul pavão espelhado, as partes cromadas doendo os olhos, calotas, acessórios e equipamentos originais, enfim, um carrinho totalmente novo de novo.

Mas o problema é que ainda estava proibido para mim. Não tinha idade suficiente para me matricular numa auto-escola. No fundo sabia que a verdadeira idéia do meu pai era lucrar com o negócio, não pretendia ser tão generoso comigo, mas alimentava uma esperança.

Precisava mostrar que não abriria mão do Fusca tão fácil, por isso não desanimei, acordava cedo todos os sábados, com todos os utensílios necessários, dava a partida, engatava a primeira e ajeitava meu sonho no quintal, caprichava na limpeza, fantasiando em desfilar seu brilho pelas ruas.

Não comentei que na época tinha uma namorada que não agradava muito meu pai, então um dia recebi uma proposta de novela mexicana, caso desistisse do namoro, conseguia as chaves do carro.

Na época, nunca tinha sido apresentado a Maquiavel, estava ainda na fase romântica, um jovem tolo, por isso esbravejei, gritei que poderia me separar por outros motivos, mas meu coração não estava à venda. Hoje talvez optasse por aceitar a proposta, garantir meu nome no documento e depois continuar minha vida como bem entendesse, deixando o velho esperneando de raiva. Mas o fato é que preservei minha dignidade, sem acreditar que ele poderia levar a frente uma proposta tão baixa.

O carro continuou ocupando a garagem e os meus sonhos. No dia que completei 18 anos entrei na auto-escola. No dia que recebi minha carteira de motorista, fui para a aula noturna prometendo para os amigos que na noite seguinte voltaria dirigindo meu carro.

Era quase meia-noite quando desci do ônibus e corri para a casa, o dia tinha sido cansativo. Cheguei no portão e a garagem estava vazia.

Demorei muito para conseguir perdoar meu pai.

Velharias que valem a pena

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Quem nunca passou por um bazar de caridade com curiosidade, procurando alguma coisa rara e interessante que atire a primeira pedra.

Nesse sábado participei de um bazar desses, levei umas peças de informática que estavam empatando o samba aqui em casa e dei uma olhada nas novidades, entre elas, encontrei um aparelho de som “tinindo” de conservado, na caixa original, com isopores, acessórios e até manual. Um GPX Sing Along.

O aparelho deve ter sido projetado para os fãs de karaokê, pois tem entrada para dois microfones e no controle das fitas há um recurso que suprime o canal de voz para que o cantor doméstico fique à vontade para berrar no microfone. A caixa é hilária, estampada com fotos de felizes pessoas liberando a garganta, embaladas em roupas dos anos 80.

O equipamento tem mesmo um formato estranho, mas o que me surpreendeu foi a qualidade do som, cristalino, com uma sintonização de AM/FM perfeita, bem raro de se achar nos dias de hoje, com o botão do dial rodando macio, sem chiados ao passar pelas estações.

O preço da raridade? R$30!!! Uma ninharia!! Arranjei um cantinho para ele no quarto, sob o olhar crítico da esposa, mas não tem problema, agora vou amanhecer todos os dias, ouvindo o Pulo do Gato, num sonzão, em grande estilo.

Sucesso! Dobrou o número de seguidores!

A audência de seguidores aumentou 100% no último final de semana, um aumento significativo que merece um post de agradecimento, afinal, para um blog que sofre poucas atualizações e que não tem um tema específico, onde me dou o direito de escrever o que bem me dá na telha, ter dois seguidores fiéis, sem contar os parentes e amigos que visitam eventualmente, é um baita reconhecimento.

Por vocês, fiéis seguidores, prometo me dedicar ainda mais, escrevendo cada vez mais bobagens.

Obrigado!!

HP Lover

Ok, pode parecer propaganda, mas não é. Como já mencionei por aqui, sou viciado em tecnologia a muito tempo, já teclei em um monte de equipamento diferente, muitos já viraram peça de museu, desde os da Prológica e o primeiro padrão IBM da Cobra.

Meu primeiro PC de verdade, comprado para usar em casa, foi um 286 conquistado através de um consórcio informal entre colegas de escritório, uma forma de forçar uma poupança e poder adquirir alguma coisa, já que a inflação da época impedia qualquer financiamento maior que 3 parcelas, claro que as mensalidades eram corrigidas pelo valor do dólar.

Como todo PC-Frank, montado com peças de “garantia soy jo”, esse computador me deu muita dor de cabeça. O único saldo positivo foi que aprendi a desvendar as entranhas da máquina, tentando resolver seus problemas.

Depois, quando o mercado de informática passou a se interessar pelo usuário doméstico, vislumbrando um enorme potencial a ser explorado, as empresas passaram a pensar num computador pessoal mais sociável que reunisse várias soluções, aproveitando a onda da novidade Windows 95. Resolvi arriscar mais uma vez minhas economias num novo equipamento, um Compaq Presario com o avançado chip Intel Pentium 75, com um gabinete muito parecido com o Macintosh da época, totalmente integrado, com monitor e CPU ocupando o mesmo gabinete. Esse computador era assombrosamente bem construído, nunca deu um único defeito de hardware e trabalhou por muitos anos, turbinado por umas upgrades de HD, memória e processador.

Virei fã da Compaq. Quando chegou a hora da troca, optei por outro Compaq, um Presario com processador AMD. Outro hardware que era um tanque de guerra indestrutível, rendeu mais uns 6 anos até que não foi mais possível atualizá-lo. Vendi, mas até hoje preservo suas excelentes caixas de som.

Não gostei quando a Compaq, melhor fabricante de PC’s do mundo, foi abocanhada pela HP, mas resolvi dar um certo crédito e confiei minhas economias num novo HP, uma máquina poderosa com o recém lançado chip Pentium Dual Core e o polêmico Windows Vista. Gostei, equipamento robusto, com uma construção eficiente, um teclado e mouse maravilhosos, seguindo o a tradição da Compaq. Já com quase quatro anos de uso, o único componente que apresentou defeito foi o único que acrescentei depois, uma placa de vídeo genérica com chip NVidia.

Agora resolvi acrescentar um novo equipamento para a minha coleção, um netbook que pudesse me manter mais tempo linkado durante o dia, com facilidade para acessar de qualquer lugar e que não fosse um grande peso para ser arrastado. Pesquisei várias marcas, poucas me agradaram. Sou exigente com teclado, uso todos os dedos e preciso ter um espaço confortável para abrigá-los nos lugares certos quando estou digitando. As marcas comuns nas gôndolas não me convenceram, achava tudo muito pequeno e estreito, desconfortável.

Um colega de trabalho chegou com a novidade, um HP Mini. Pedi para experimentar e pela primeira vez consegui digitar um texto num aparelho do gênero sem errar uma única tecla. Os botões são amplos, o toque macio e preciso. Não sosseguei até encontrar a mesma oferta. Então agora estou aqui, teclando deliciosamente no meu novo HP Mini. A configuração é típica de equipamento de fim de estoque, Windows XP com 1Gb de memória e HD de 160Gb, daí o ótimo preço. Mas para quem começou com um CP200 da Prológica e teve seu primeiro contato com equipamento IBM num XT da Cobra com 10Mb de HD, esse netbook é um sonho de ficção concretizado nas mãos.

Um HP. Tenho certeza que me acompanhará por muito tempo e registrará muitos pensamentos.